Os opostos se atraem?

06/10/2021 às 18:09.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:00

Muitas vezes pensamos ter afinidade com alguém e com o passar do tempo constatamos que somos o oposto dessa mesma pessoa. Nos pegamos surpreendidos com o nosso próprio equívoco: como podemos errar tanto sobre nós mesmos?

Mas não somos tão errados assim, talvez nos falte olhar para os dois tipos de afinidade: a objetiva, aquela tem a ver com gosto, estilo de vida, esportes, tipo de lazer;  e a subjetiva, aquela que define a semelhança de caráter. Essa requer um pouco mais de tempo e sensibilidade para ser percebida.

É muito agradável dividir momentos da nossa vida com alguém que compartilha dos mesmos gostos e prazeres. Nesses casos, a relação entre duas pessoas flui rapidamente pois a conexão dessas afinidades é muito forte. O “santo" costuma bater imediatamente.

Somente com o passar do tempo conseguimos perceber se temos uma afinidade na subjetividade. Saberemos então como essa pessoa é nos quesitos comportamentais: se é confiável, honesta, egoísta, se tem um bom caráter.

Mas nem sempre isso é percebido facilmente, mesmo porque há uma tendência em dissimular as características negativas. Além disso, não raros são os casos em que, quando deflagradas essas artimanhas, é comum não assumir. Ao invés disso, culpam terceiros e se eximem de qualquer responsabilidade, o que dificulta ainda mais a percepção.

Há também os casos de pessoas que se aproximam por afinidades objetivas e subjetivas, mas ao longo do tempo um deles sai daquela rota costumeira e começa a andar por um novo caminho. Inicia-se então uma distância entre ambos que não se sustenta mais. Isso é comum de acontecer num casamento, por exemplo. No início, o casal comunga de uma conduta próxima, mas, ao longo da vida, um deles vai se tornando uma pessoa diferente e mudando os valores; ou piorando o que já dava pequenos sinais ­– quando se percebe, são duas pessoas diferentes: enquanto um trabalha, o outro se torna preguiçoso; enquanto um é honesto, o outro vai para malandragem; um gosta de vida social e o outro é antissocial; um é mais amoroso e o outro, frio. E o que geralmente acontece é que não há condições de viver mais juntos por falta de afinidade.

Portanto, no intuito de diminuir as chances de nos equivocarmos, precisamos ficar atentos às duas características de afinidade: as de gosto e as de caráter. Para a segunda, é preciso enxergar além do óbvio, um exercício difícil para os crédulos e puros de coração.

Uma boa dica é observar se o comportamento está alinhado com o discurso. Pessoas que fazem muita propaganda de si podem não ser nada daquilo. Portanto, é preciso que o discurso (prédica) esteja alinhado com a ação (prática). Caso contrário, a ação definirá quem a pessoa é de verdade, ainda que a afirmação seja contrária.

Pessoas cuja prédica está em desalinho com a prática são um blefe e quem comprar esse discurso no primeiro momento vai pensar estar de frente para “alma gêmea”, enquanto na verdade estará levando gato por lebre. 

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