Psicologia do medo

25/07/2018 às 15:32.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:35

De uma maneira geral, somos mais treinados para sentirmos medo do que coragem. Isso tem a ver com a educação que recebemos, as incertezas quanto ao futuro, as cobranças sociais e os estímulos negativos ao longo da vida. 

Muitas vezes crescemos ouvindo frases vazias de conteúdo, mas que ganham peso ao serem repetidas pelos nossos pais como uma filosofia de vida. Estão mesmo a serviço de implantar o medo. Alguns exemplos:

O cavalo passa arriado uma vez só: aparentemente, o ditado objetiva incentivar a não perder uma oportunidade. Contudo, o foco não está no incentivo e sim no medo. A ênfase “uma vez só” deixa claro que não haverá uma nova chance nunca mais. Uma afirmação sem sentido. Limitar a oportunidade de uma vida inteira a uma única é de uma simplicidade sem fim.

Mais vale um pássaro na mão que dois voando: outra frase que está a serviço de implantar o medo e nos desencorajar a buscar mais. Transmite a clara mensagem: “Prefira a nulidade ao risco, você pode perder tudo”. Os grandes empreendedores e vencedores certamente não são regidos por essa premissa. Eles bem sabem que para ir além é preciso coragem e não medo. 

Cabeça vazia oficina do diabo:  na verdade deveria ser o contrario: “cabeça cheia oficia do diabo”. Uma cabeça cheia tende a ser impulsiva, impaciente e implacável com todos a seu redor. Nada pior que uma cabeça cheia. Não é a toa que o objetivo da meditação é esvaziar mente. Somente através da mente vazia atingiremos o estado zen. Se precisarmos encher a cabeça para não pensar bobagem, é porque algo já está errado. 

A ignorância é uma benção: existem três estágios; o primeiro é a “ignorância”, que significa o desconhecimento. Muitos elogiam esse estado por entender que quando não se tem conhecimento, não se tem dor. Mas isso não significa que não haja um preço a pagar. Um motorista que não sabe que é proibido parar em determinado local, não está isento da multa. Um indivíduo que não sabe que está sendo traído, não está isento do prejuízo dessa traição. A ignorância é como uma mão anestesiada que vai ao fogo, em princípio você não sente dor, mas isso não significa que você não irá sofrer as consequências da queimadura. O segundo estágio é o “conhecimento”: aqui a pessoa conhece, mas, não tem controle sobre a situação, e por isso sofre.

A dor, nesse caso, deriva da falta de controle e domínio das emoções. E, por último a “sabedoria”: aqui a pessoa tem conhecimento, como no estágio anterior, porém não quer controlar a situação. Sem querer mudar o imutável. Uma forma sabia de viver a vida onde não é necessário desconhecer para não sofrer. Este estágio é uma benção. 

As pessoas só fazem com você o que você permite: isso não é verdade. As pessoas fazem conosco o não permitimos, mas, por falta de conhecimento (ignorância), não percebemos. Como podemos ser responsáveis por algo que sequer sabemos? Nossa responsabilidade começa à partir do momento que fatos se evidenciam. Daí para frente, se negligenciarmos as evidencias, sim, seremos co-responsáveis. Afirmar que o outro só faz o que eu permito, é inocentar o algoz e culpar a vítima.

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