Será que somos todos um pouco egoístas?

24/06/2020 às 16:23.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:51

Egoístas são fracos por definição, mas tentam não demonstrar essa vulnerabilidade; ao contrário, passam uma imagem de inabaláveis. Um blefe! 

Sua condição de menos valia o convida a se sentir merecedor de deferências. Querem ser tratados com privilégios embora isso não seja manifestado de forma clara, e sim, sutil. Ignoram a opinião dos outros e supervalorizam a sua. Quando praticam uma atitude aparentemente generosa, estão mesmo interessados nos aplausos que advêm dessa conduta. Toda ação de um egoísta tem um propósito autorreferencial – começa e termina em si mesmo. 

É difícil mapear a origem do comportamento egoísta. Algumas correntes defendem a teoria do gene egoísta, enquanto outras atribuem às razões comportamentais e psicológicas. Independentemente da origem, o indivíduo egoísta possui baixa consciência emocional, o que o limita enxergar somente a si. Aliás, uma característica marcante do egoísmo é a dificuldade de se colocar no lugar do outro. Não há empatia; ao contrário, há uma impaciência com aquilo que é diferente a si. 

Conseguimos mapear esse comportamento através de algumas condutas: 

- Indiferença à dor alheia: para que haja um entendimento do outro é preciso a atuação de percepções: a racional e a emocional. O egoísta entende o outro pela lógica racional, mas sua falta de empatia o impede de compreendê-lo emocionalmente. Só reprimem, censuram e admoestam duramente; sem acolhimento afetivo. 

- Narcisismo: egoísmo e narcisismo andam de mãos dadas. Isso porque ambos colocam o “eu” acima dos demais. São pessoas imersas em si, com isso sentem-se superiores e se posicionam como centro do universo. Sua autoestima é tão baixa que precisam ter seus interesses privilegiados em detrimento de todos para se sentirem importantes. 

- Não são solícitos: esperar que um indivíduo egoísta tenha preocupação pelo outro é o mesmo que esperar ganhar na loteria três vezes. Ele só se preocupa com o outro se isso, de alguma forma, lhe favorecer. 

- Duplo padrão: são exigentes, cobram muito, mas dão pouco. 

- Ausência de reciprocidade: fazem com o outro o que não gostam que façam consigo. Além disso, pedem e aceitam favores mesmo sabendo que não irá retribuir

- Desmerecimento da dor alheia: pela incapacidade em enxergar o outro, desqualificam seus problemas. Dessa forma, usam sempre a expressão: “você está exagerando”, ou “o problema não é tão grave assim”, “você é fraco demais”. Frase típica de quem não quer se envolver, nem tão pouco ajudar. 

A pergunta frequente é: Uma pessoa egoísta pode mudar? 

A mudança ocorre a partir da ação de algumas emoções como: remorso, culpa, consciência, autocrítica; geralmente pouco frequentes no psiquismo do egoísta. Além disso, é preciso levar em consideração a “vantagem” do egoísta em ser assim: está sempre recebendo mais que dando. Qual seria então a motivação para mudar?

Aparentemente, os egoístas parecem fortes, mas isso não é verdade. No fundo, são pessoas inseguras, por vezes ansiosas, com grande dificuldade de viverem sozinhas, por isso precisam sempre de alguém. 

É a mesma lógica do parasita que não vive sem o hospedeiro, mas não dá nada em troca, só tira. 

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