Você está se apegando em algo que precisa deixar ir?

22/08/2018 às 17:31.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:03

“Um mestre da sabedoria, juntamente com seu discípulo, passeava por uma estrada deserta quando avistou ao longe um casebre. Chegando lá, ficou impressionado com a precariedade do lugar onde vivia um casal e três filhos. Aproximou-se e perguntou:

– Neste lugar não há vizinhos, nem comércio; como o senhor e a sua família sobrevivem aqui?

O senhor respondeu:

– Nós temos uma vaca. Uma vaca que significa tudo para nós. Ela nos fornece o sustento necessário: são vários litros de leite diariamente que vendemos ou trocamos na vizinha por outros alimentos. A outra parte produzimos queijo, coalhada para o nosso consumo. Não conseguiríamos viver se não fosse essa vaca. Ela é o que temos de mais importante!

O sábio ouviu atentamente e em seguida ordenou ao seu discípulo que atirasse a vaca no penhasco.

O jovem, apesar de assustado, cumpriu prontamente a ordem: empurrou a vaca e a viu morrer. Essa cena porém, nunca saiu da sua memória. Passado um ano, o rapaz resolveu voltar àquele lugar para se desculpar com a família. Quando se aproximava avistou um sítio muito bonito, uma casa grande, com árvores floridas, ambiente descontraído, crianças brincando no jardim e um curral cheio de vacas.

Logo, o rapaz percebeu que ali morava aquela mesma família. Espantado, perguntou:

– Como o senhor conseguiu melhorar tanto sua vida?

O senhor, respondeu:

– Veja bem meu jovem, nós tínhamos uma vaca que acreditávamos ser imprescindível em nossa vida. Morríamos de medo de perdê-la, com isso, vivíamos todos em função dela. Mas, quando ela morreu, tivemos que perder o medo e andar: rompemos nossa limitação, comodismo e saímos da zona de conforto. A vaca, que tanto amávamos, era o que nos impedia de progredir. Acabamos desenvolvendo habilidades, que nem sabíamos que tínhamos e hoje nossa vida é muito melhor”.

Essa história traz uma simbologia de muita reflexão. Muitas vezes ficamos estagnados na zona de conforto por medo da mudança. Embora nem sempre isso seja consciente, acabamos por sabotar nossa felicidade nos convencendo de algumas mentiras, tais como:

– “As coisas não estão tão ruins assim”: como se precisasse ficar insustentável para mudar. De forma inconsciente buscamos comparações com pessoas que estão em condições piores que a nossa e assim nos convencemos que estamos bem, mesmo estando mal.

– “Não estou num bom momento para mudança”: um clássico autoengano. O “momento perfeito” é criado quando desejamos realmente algo, porém, quando nos sabotamos, nunca encontramos a hora certa. Há um provérbio chinês que diz: “O melhor momento para plantar uma árvore foi há 20 anos. O segundo melhor é agora”.

– “Só estou esperando “isso” para tomar uma decisão”: vincular a mudança a algo externo (“quando eu emagrecer”, “quando eu ganhar mais”) é uma forma de procrastinar. As verdadeiras motivações são sempre internas e parcialmente desvinculadas dos acontecimentos externos.

– “Como vou viver sem isso?”: há grande chance de ser da mesma forma que a família viveu sem a vaca. Muito melhor. Porém, só os que atiram a vaca no penhasco saberão.

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