2016 e os dois lados da moeda

23/12/2016 às 18:25.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:12

O relógio completa as últimas voltas do ponteiro em 2016 e, em se tratando da indústria automobilística e do mercado brasileiro, não é exagero falar em duas situações diametralmente opostas. O ano que se despede entra para a história como um dos mais generosos em termos de lançamentos, e não apenas de novos modelos. Finalmente as montadoras – obrigadas, em boa parte, pelo endurecimento das normas de emissões de poluentes – começaram a aposentar motores de concepção superada e, em seu lugar, a apostar em outros menores e mais eficientes, seja em termos de consumo, seja em termos de desempenho. É a tendência do downsizing, que ganha o mundo e cresce mesmo nos Estados Unidos, onde o petróleo é barato e a moda sempre foi o exagero.

E se nossas ruas, há coisa de três décadas, eram lotadas de carroças, agora não há do que reclamar. Peguemos o segmento das picapes de uma tonelada de carga, por exemplo. O ano que termina trouxe na caçamba as novas gerações da Toyota Hilux, da Ford Ranger, da Chevrolet S10, da Mitsubishi L200 Triton (Sport), da Nissan Frontier e da VW Amarok. Exatamente como nos principais mercados do planeta. Chevrolet Cruze e Honda Civic chegaram tal e qual são oferecidos nos EUA – com os devidos ajustes, lógico – enquanto o Jeep Compass foi além, já que apareceu por aqui antes de ganhar o mundo. Sem contar a Fiat Toro, sonho antigo da montadora de Betim que se concretizou graças à sinergia do Grupo FCA. E ainda podemos citar o Renault Captur, o Fiat Mobi, o Hyundai Creta e o novo Tucson.

Esse é o lado positivo da moeda, que certamente deixará saudade. O outro é a escalada de queda nas vendas. Os números da Fenabrave sugerem, mesmo antes de feitas as contas para dezembro, um tombo na casa dos 20% em relação a 2015, que já havia sido um ano marcado pela crise e pelo cenário de recessão. Lógico que não se imagina um retorno ao período de vendas recordes mas ao menos que a turbulência acabe e o voo volte a ser tranquilo.

E é óbvio que o governo tem boa parte da responsabilidade pelo cenário ao apostar no arrocho e dificultar o acesso ao crédito (sem contar a carga tributária elevada), mas não só ele. Os executivos das montadoras deveriam rever seus conceitos e processos para corrigir distorções sérias. Versões de modelos compactos custando R$ 60, 70 mil, são algo completamente fora da realidade. Assim, não há mercado que se recupere.

Ao amigo leitor, um feliz Natal sobre rodas.

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