A loteria do carro novo

09/12/2016 às 19:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:01

O que podem ter em comum a compra de um carro novo e o ato de jogar na loteria? O primeiro pensamento que vem à mente é que ganhar no segundo permite concretizar qualquer sonho em se tratando do primeiro, mas não é exatamente onde eu quero chegar. A questão é que deixar uma concessionária com um modelo zerinho sem motivos sérios para dor de cabeça e desgaste requer sorte digna de palpite certo – talvez não na Mega-Sena acumulada, mas pelo menos naquelas instantâneas que garantem prêmio quando três ou mais casas mostram o mesmo desenho, ou número.

É fato que o padrão de qualidade das montadoras cresceu a olhos vistos nas últimas décadas e, por consequência, seu controle. Mas basta procurar nas publicações especializadas, nas redes sociais e nos sites de reclamação para encontrar inúmeros casos de problemas quase insolúveis. Novelas que se arrastam com idas e vindas ao serviço autorizado, diagnósticos nem sempre certos, peças que demoram uma eternidade para chegar. E consumidores insatisfeitos que chegam ao ponto de decorar seus veículos com adesivos do tipo “Nunca compre a marca X” ou “Estou sendo feito de palhaço pela montadora Y”.

Isso sem contar as letras pequenas nos contratos de garantia, que contam com cláusulas capazes de desobrigar a assistência autorizada a fazer sua parte ao menor dos indícios. E o pior de tudo é que não há como adivinhar o que virá pela frente – se com seminovos e usados é possível fazer uma avaliação ou pedir a opinião de um mecânico de confiança, com os novos parte-se do princípio de que tudo está funcionando perfeitamente (eu sugeriria fechar negócio acompanhado de um vidente, quem sabe funciona...). E não é exclusividade de um ou outro modelo, uma ou outra fábrica. Dois carros fabricados em sequência podem ter históricos completamente diferentes, basta que em um tenha sido montada uma peça de um lote defeituoso e no outro não.

Ainda por cima, vivemos a praga do recall (não no sentido da segurança, claro, já que é fundamental ter corrigidas falhas que ocasionem risco à integridade do veículo e de seus ocupantes), mas considerando que a visita à concessionária será obrigatória. Não é questão de se, mas de quando. Nesse aspecto, a falta de sorte é geral e não costuma poupar ninguém.

Algum segredo para fazer parte da turma que consegue ter uma experiência relativamente tranquila do dia em que recebe o documento e curte o cheirinho de novo até quando assina a transferência? Risco zero é impossível, mas um bom começo é procurar opiniões de outros proprietários, consultar os sites dos órgãos de proteção do consumidor e as seções de cartas de revistas de veículos, além de ler em detalhes a proposta do contrato de garantia. Vale mais do que apenas rezar e pregar amuletos na coluna do retrovisor.

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