Agora é a placa

30/11/2018 às 20:42.
Atualizado em 28/10/2021 às 04:00

Não é privilégio de governo ou de partido político. Ao longo da nossa história recente, a lista de derrapadas do poder público envolvendo os veículos e o trânsito é imensa, e de triste lembrança. Houve o tempo do Selo Pedágio, que tinha de estar no vidro dianteiro dos carros, mas era incapaz de proporcionar a melhoria da qualidade de nossas estradas. Mais tarde, veio o kit de primeiros socorros que, ainda por cima, não podia ser qualquer um – e eu desafio um motorista a me dizer que tenha usado o material para um curativo que fosse –, e para completar a obra, a novela envolvendo a obrigatoriedade do extintor de incêndio, e de uma especificação distinta, o que nos obrigaria a mais um gasto sem justificativa decente. Medidas todas tão equivocadas que acabaram, felizmente, revogadas. 

Sem contar a resolução que previa as multas a pedestres e ciclistas – tudo bem que é importante punir comportamentos equivocados, mas como fazer em ruas com faixas de travessia apagadas e carros tomando as ciclovias?

Pois a mais nova novela envolve a adoção da placa Mercosul. Que segue de vento em popa na vizinha Argentina e, por aqui, de adiamento em adiamento, parece que finalmente, com o perdão do trocadilho, emplaca a partir deste mês. O modelo estava pronto há anos e os fabricantes resolveram questionar, na Justiça, o fato de o Denatran, e não os Detrans, ser responsável pela escolha e credenciamento dos fabricantes. Impasse resolvido, ficamos sabendo que o chip que ajudaria a facilitar a fiscalização e combater os roubos seria deixado de lado, por enquanto, por uma questão de custo e logística.

Agora é a vez do brasão do estado e da bandeira do município, que não fazem parte do projeto original mas, pelo que parece, por uma questão de vaidade, foram incluídos por aqui. Tudo bem, até hoje as placas incluíam a origem de cada veículo, o local de emplacamento, mas exigiam a mudança da tarja (ou atualmente da placa inteira) em caso de transferência ou mudança. E a informação está presente no Renavam, que é o que importa. Pois então, agora tira-se brasão e bandeira, e parece que finalmente a coisa vai.

A bem da verdade, seria melhor se fôssemos donos da placa e ela nos acompanhasse ao longo da vida a cada troca de veículo, evitando dores de cabeça que costumam acontecer quando se herda débitos ou pontos, além de inibir a clonagem. Já que ainda estamos distantes do dia em que algo assim seja possível, que pelo menos a placa padrão Mercosul seja adotada em todo o país, até inventarem a próxima.

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