Deu a louca no mercado

03/08/2018 às 20:04.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:45

Os dados de emplacamentos de veículos zero quilômetro em julho foram divulgados pela Fenabrave e o que chama a atenção de início é a forte recuperação do setor considerando o período não muito distante de forte retração econômica e vendas em queda. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, são quase 17% a mais, um número até surpreendente considerando que o dinheiro no bolso não se tornou maior de uma hora para outra – e nunca é demais lembrar que não só os preços dos combustíveis cresceram como também o valor do dólar segue em alta, o que se reflete no preço dos veículos, sejam feitos aqui ou trazidos de fora.

Não chego ao extremo de tentar explicar essa realidade – como alguém que vive e trabalha no setor me limito a comemorar a recuperação e esperar que prossiga. Mas confesso que um fato me chamou especialmente a atenção ao passar os olhos pela lista dos mais vendidos que, por longos e longos anos, teve a mesma cara: no topo, os modelos de apelo popular e preços mais acessíveis. Foi assim que Gol, Palio e nos últimos tempos o Chevrolet Onix consolidaram a condição de mais populares, puxando o faturamento das montadoras. E um ou outro modelo de segmentos superiores se intrometendo no Top 10 (na verdade, mais recentemente, um em especial, o Toyota Corolla, tal e qual relógio suíço, apesar da concorrência cada vez mais qualificada e maior).

Pois eis que lá está, no topo, o Onix, com quase o dobro das unidades vendidas do segundo colocado, o Ford Ka, que vem se alternando com o Hyundai HB20. Segue o Volkswagen Gol, com seu jeitão de interminável (vêm Up, Polo, concorrentes, e lá está o hatch com vendas representativas). E na quinta posição, como a melhor entre os comerciais leves, aparece... a Fiat Toro, deixando para trás Argo, Kwid, Sandero, Logan, Prisma, Mobi, Uno e tantos outros.

E não é apenas a picape média fabricada em Goiana (PE) – grandíssima sacada da FCA, aliás, ao propor um produto tal como já foram as hoje “anabolizadas” rivais de uma tonelada de carga. Na nona posição, intromete-se o Jeep Compass (e aí valem os mesmos elogios dados à “irmã de plataforma”).

Lógico que uma como o outro, se estão ali, têm muitos atributos. Mas, você há de convir, para entregar tanto, não custam tão pouco – estamos falando de opções acima dos R$ 80 mil, que não são propriamente para todos os bolsos. 

Pode ser reflexo da quantidade: se há muitos modelos oferecidos, um acaba roubando mercado do concorrente, o que não seria o caso nos dois respectivos segmentos. Pode ser apenas um retrato momentâneo que não se repetirá nos meses seguintes, assim como não vinha ocorrendo antes. Como também pode ser o início de uma nova tendência, e aí caberá a economistas e especialistas em marketing tentar explicar o fenômeno. Eu por enquanto brinco, como no título da coluna. Ao menos nos últimos 31 dias, deu a louca no mercado...

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