Eu só queria entender

14/09/2018 às 19:33.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:27

Então a Toyota convoca um recall mundial para seu híbrido, o Prius e, como era de se esperar (felizmente a legislação brasileira se inspira nos exemplos dos países desenvolvidos), a filial brasileira divulga a convocação dos proprietários dos pouco mais de 5 mil exemplares que rodam no país para agendar, numa concessionária, a revisão do componente que gerou a chamada, o chicote elétrico.

Chicote que, com o desgaste do material isolante, pode entrar em curto circuito o que, por sua vez, pode incendiar o veículo. Riscos que não deveriam existir, mas existem, e não são exclusividade da fábrica A ou B; de primeiro ou terceiro mundo. Não é algo que esteja escrito no vidro do modelo zero quilômetro quando adquirido, mas algo a que todo o consumidor que se desloca com o próprio veículo está sujeito.

O que chama a atenção na história, no entanto, é o fato de que o comunicado foi divulgado no site da Toyota dia 12 (quarta-feira), mas o serviço de reparo (que pode ir da simples colocação de uma fita em material isolante à troca do chicote inteiro) só terá início em 1º de outubro.

Ora bolas, não há, ainda que remoto, um risco de incêndio? Eu parto do princípio que grande parte dos proprietários nem sequer sabe aonde está o chicote elétrico, quanto mais determinar se há desgaste no componente a ponto de descobrir se tem um incêndio em potencial sob o capô ou se não é motivo para apreensão. E se um desses cinco e mil e tantos Prius que rodam por aqui estiver entre os “escolhidos” e resolver dar problema antes da visita à concessionária. Já até bati na madeira aqui em nome de quem tem o simpático modelo, mas é uma possibilidade ao longo desses 18 dias – não custa lembrar que vários rodam como táxis, percorrendo, portanto, quilometragens consideráveis.

O fato chama a atenção ainda mais por vir de uma fabricante japonesa – e os nipônicos são mais do que conhecidos pela preocupação com a segurança e por produzirem modelos quase indestrutíveis. Emprestar carros-reserva? Recomendar a quem tem um Prius que evite ao máximo usá-lo? Alguma coisa deveria ser pensada para minimizar ainda mais os riscos.

Para quem acha que é zelo em excesso, vale lembrar o caso do ator russo Anton Yelchin, morto há dois anos imprensado por seu Jeep Grand Cherokee na rampa da garagem de casa, na Califórnia. Na ocasião, uma falha no software de controle do câmbio automático fazia com que o veículo pudesse se deslocar mesmo com a manopla na posição P, de estacionamento. E havia um recall em curso, mas não houve tempo para que o reparo fosse efetuado. Sua família, com razão, alegou na Justiça que deveria ter havido algum alerta para que o veículo não fosse usado enquanto o possível problema não fosse analisado e solucionado. Eu só queria entender...

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