A questão foi levantada por um colega do Seminovos BH e, diante dos argumentos apresentados, nem tem como ser questionada. Especialmente na mesma semana em que a Polícia Rodoviária Federal divulga balanço de acidentes nas estradas sob sua responsabilidade mostrando que 22% das mortes ocorreram por “distração do condutor” – entenda-se principalmente, uso do celular.
Diz o Thiago que o surgimento de aplicativos de trânsito como o Google Maps e o Waze (e sua inclusão nos sistemas multimídia) está tornando os motoristas “mais burros e desatentos”. E o primeiro adjetivo não tem nada de agressivo, estamos burros por pensarmos menos, só isso.
Pensar e prestar atenção, como parece ser o caso. É a mesma história da Wikipedia: se está escrito lá, é verdade inquestionável, muita gente acredita. Só que não é bem assim. O mesmo vale para o trânsito e essas ferramentas, que têm muito valor, assim como os dispositivos de GPS. Com eles é possível trafegar com muito mais segurança e menos tempo perdido em cidades ou países diferentes, locais desconhecidos. E não depender mais do famoso Guia Quatro Rodas (no caso das estradas), ou daqueles mapas de ruas que vinham nos catálogos telefônicos.
Só que... nem sempre a tecnologia consegue atuar em tempo real. Basta uma mudança de mão de direção não registrada pelo aplicativo e estamos diante de desastres em potencial. É gente entrando em contramão, virando em cima da hora sem se dar conta dos demais veículos em volta. E as placas estão lá na maioria das vezes, nos mostrando o que é possível fazer ou não. Bastaria prestar atenção como se fazia antes.
Só que preferimos manter os olhos ligados na telinha colorida do telefone. E aquela voz feminina inconfundível manda fazer, executamos, como se fôssemos robôs. Erramos? Aí voltamos em sentido contrário arriscados a acertar alguém que faz o caminho certo.
Parece que nos esquecemos que os aplicativos têm o famoso recurso do “recalculando”, capaz de resolver qualquer enrascada de caminho. Sem contar que é algo quase básico: se perdemos uma entrada à direita ou à esquerda, basta esperar a próxima e voltar um ou alguns quarteirões e chegamos onde queríamos, ainda que demore um pouquinho mais.
Chega a ser assustador identificar nas ruas ou estradas um motorista que parece estar completamente alheio ao que se passa a seu redor, seja por falar, mandar mensagens ou até mesmo seguindo as orientações do mapa virtual. E logicamente perigoso, multiplica potencialmente o risco.
Longe de mim ser contrário à tecnologia, mas é por essas e outras que acredito que a condução autônoma ainda está longe de ser uma realidade. O controle ainda tem de estar na mão de quem vai ao volante, e quem vai ao volante precisa entender que não dá para se distrair, um segundo que seja. Lamentar depois não desfaz o estrago, nem evita o prejuízo, físico ou material...