Negócio da China?

28/04/2017 às 19:18.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:20

Um dos assuntos que mais costumam chamar a atenção no site Seminovos BH Notícias é a insistência das fábricas chinesas em desenvolver produtos que são clones descarados de modelos ocidentais de veículos. Por trás de marcas como Baojun, Zotye, Habei e outros nomes impronunciáveis há versões locais de Porsche Macan, VW Tiguan, Range Rover Evoque, sem que as fábricas estrangeiras possam fazer muito. E ainda há a questão da segurança que, no maior mercado do planeta, não é tão prioritária como deve ser – basta ver como mesmo modelos de gigantes como a Chevrolet tomam bomba nos testes de impacto feitos pelo NCAP e seus afiliados.

Os chineses arregalaram os olhos para o mercado brasileiro apostando no custo-benefício: produtos mais completos nas versões de série com preços que desafiam a lógica. Desembarcaram prometendo fábricas, investimentos pesados, esforço para adaptar seus produtos ao nível de exigência do consumidor e das leis verde e amarelas e oferecendo prazos de garantia maiores. Quem procurou se associar a grupos e pessoas com conhecimento de nossa realidade até consegue um discreto sucesso – a única com uma linha de montagem digna do nome é a Chery que, no entanto, não consegue fugir dos pecados de boa parte das compatriotas. O acabamento ainda é espartano, a rede de concessionárias limitada e a gama de modelos não é o que há de mais novo do outro lado do mundo.

Felizmente, no entanto, parece que as dezenas (sim, são várias, pode ter certeza) de montadoras locais começaram a optar pelo caminho certo. Descobriram que é preferível contratar estúdios de design consagrados ou montar seus próprios centros de projeto e engenharia (a Geely foi além ao comprar a Volvo e criar uma marca premium para o mercado europeu, a Lynk & Co, com toda a experiência dos suecos) e agora desenvolvem veículos com personalidade própria, capazes de agradar a gostos mais apurados em todo o mundo. Parecem ter seguido o exemplo da Lenovo, a gigante da tecnologia que comprou a divisão de computadores da IBM e apostou (com sucesso) na consolidação de sua própria identidade como fabricante de produtos de qualidade.

Não será do dia para a noite, mas, ainda que ao custo de um aumento nos preços (mágica não dá para fazer, quanto mais equipamentos de segurança ou entretenimento, mais caro fica), os chineses têm tudo para seguir o exemplo dos “vizinhos” sul-coreanos. Que um dia também eram vistos com descrédito geral, apostavam na cópia da tecnologia alheia para vender e hoje são respeitados nos mercados do Primeiro Mundo. Aí realmente será o caso de dizer que comprar um veículo do país da Muralha é um negócio da China...

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