Que bom que o mercado das duas rodas amadureceu

17/11/2017 às 18:54.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:45

Eu sou do tempo em que status, sobre duas rodas, era ter uma Honda CB400, que depois se transformaria em CB450. Esportivas, no período, havia efetivamente duas: a CBX750 (que só ganhou carenagem integral em sua segunda geração, e isso só por aqui) e a Yamaha RD350, reedição da famosa “Viúva Negra”, uma bela máquina com seu motor dois tempos que cantava alto e proporcionava fortes emoções ao guidão – era inspirada nas TZs 250 e 350 de pista.

Por bons anos, era o que se tinha nas concessionárias, além de modelos de entrada que ficavam devendo, e muito, na comparação com os que se via nas revistas, lançados no Japão, EUA e Europa. O cenário começou a mudar um pouco quando a Agrale resolveu montar parceria com a finada italiana Cagiva (hoje o grupo controla a MV Agusta) e oferecer máquinas fora de estrada bastante brutas, como as SXT, Elefant e Elefantré.

Não é exagero dizer que o fato de serem praticamente hegemônicas no mercado fez com que as japonesas Honda e Yamaha se tornassem algo “preguiçosas” na hora de apresentar novidades. Moto, até a primeira metade da década de 1990, era mais utilitária do que qualquer coisa. Viajava-se com o que se tinha, disputava-se provas de enduro com DTs 180 e 200 modificadas e as CGs imperavam pela praticidade e preço, algo que, aliás, não mudou.

Mudou, felizmente, o panorama do mercado, não só com a reabertura das importações mas, principalmente, com a decisão de outras montadoras de terem representação oficial por aqui, muitas vezes montando seus modelos em regime CKD na Zona Franca de Manaus para se beneficiar das isenções fiscais.

Vieram Suzuki, Kawasaki, Ducati, KTM, Harley-Davidson e, mais recentemente, Triumph e Indian, sem contar as marcas de nicho, especialmente off-road. Todas com concessionários caprichados, estrutura à altura da exigência do consumidor e opções de sobra, na esteira do que se apresenta para o resto do mundo. E, cereja do bolo, a lendária Fábrica de Motores da Baviera (a BMW) resolveu também se instalar por aqui com uma fábrica de verdade, e trazendo na bagagem seus primeiros modelos atuais de baixa cilindrada.

Ainda há alguns pecados – os modelos vistos agora na internet demoram um pouco a chegar, mas chegam, mais cedo ou mais tarde. E maior concorrência é sinônimo de guerra de preços: a Yamaha acaba de lançar uma nova geração de sua Fazer 250 ABS com preço mais baixo do que a concorrente da principal rival, a Honda CB250 Twister. O ano talvez não tenha sido tão positivo para as duas rodas quanto para as quatro – automóveis e comerciais leves apresentam retomada nas vendas na comparação com os péssimos 12 meses anteriores mas, para um mercado agora maduro e competitivo como o brasileiro, parece ser questão de tempo.
 

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