Reclamar é fácil. O difícil é fazer a nossa parte

23/02/2018 às 19:38.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:33

O brasileiro é um povo que tem por tradição cobrar providências dos outros sem fazer a sua pare. Reclama das autoridades, do vizinho, da chuva, do calor ou do que mais puder ser responsável pelos problemas, mas não admite que é parcela importante neles.

Querem exemplo melhor do que o cenário traçado na reportagem da jornalista Ana Júlia Goulart publicada no Hoje em Dia da quarta-feira? Resumindo, o aperto da fiscalização no Anel Rodoviário fez com que aumentasse, em 129% o número de multas aplicadas a condutores de veículos em péssimo estado de conservação, que, na teoria, não poderiam estar circulando.

Como destaca o texto, “na lista de irregularidades estavam pneus carecas, luzes e freios estragados, parafusos das rodas frouxos, faixas refletivas deterioradas e até cano de descarga pendurado. Uma das carretas ainda tinha um eixo danificado e o motorista improvisou, amarrando uma correia de pano para continuar dirigindo”. Sim, isso mesmo. Um eixo de caminhão amarrado, sob a desculpa de que o motorista precisa muito trabalhar e não teria como fazer o reparo.

Aí é que eu volto ao início da coluna. Estamos falando de um dos trechos mais letais da malha federal mineira, sinônimo de tragédias muitas vezes detonadas por imprudência, falta de respeito às leis e, obviamente, por veículos que rodam, quando deveriam estar em oficinas, recebendo os devidos reparos. Imagine só qual não seria a chance de o referido caminhão se tornar uma arma incontrolável em meio a veículos menores e indefesos em tal situação.

Sim, é necessário pensar em soluções definitivas, envolver governos municipal, estadual e federal, autoridades e especialistas para tirar da via sua aura macabra, mas fica claro que não basta. Sabemos que é impossível fiscalizar todos os caminhões, que faltaria intensificar a vigilância em outros trechos mas, quando algo é feito, fico imaginando quantos outros motoristas conseguem passar ilesos pelas blitz, sem o menor peso na consciência.

Entendo que a grande maioria da população luta para equilibrar o orçamento, nem sempre consegue manter em dia a manutenção do veículo conquistado em suor, mas não dá para brincar com vidas humanas. Se alguém quer assumir o risco de sofrer consequências graves ao volante, tem de pensar ao menos nos outros, que fazem sua parte. Pesa no bolso, é verdade, mas o peso de uma vida ceifada; ou mesmo de uma multa por infração grave é muito maior, podem ter certeza. Melhor aprender por bem...

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