Tem que melhorar...

26/10/2018 às 19:35.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:27

De segunda a quarta-feira São Paulo será sede de um evento internacional sobre mobilidade que discutirá ideias, iniciativas e sugestões para tornar os deslocamentos nas grandes cidades menos caóticos. O Welcome Tomorrow Mobility (WTM) vai mostrar ainda exemplos e projetos capazes de resolver gargalos históricos; o que vem dando certo em outros países e possíveis caminhos para evitar que nossas ruas e avenidas travem diante do número cada vez maior de veículos em circulação.

Pois o Instituto Parar, um dos responsáveis pela iniciativa, resolveu desenvolver uma pesquisa de satisfação sobre o trânsito em metrópoles brasileiras e incluiu Belo Horizonte na lista. Se faltam números concretos e sinais de como nos sentimos em relação ao anda e para nosso de cada dia, o levantamento mostra resultados que merecem atenção.

Nada menos que 60% dos entrevistados se mostraram totalmente insatisfeitos com as condições gerais do trânsito na capital mineira e um percentual ainda maior (63%) admitiu que deixaria o carro em casa se contasse com alternativas viáveis para não perder tempo e chegar ao destino sem gastos absurdos.

Lógico que a grande ausência por aqui é a de um metrô digno do nome, capaz de literalmente cortar a cidade e não apenas margear algumas de suas principais regiões. Não poder chegar à região da Pampulha ou circular no perímetro da Avenida do Contorno é uma limitação séria que só sobrecarrega o transporte coletivo e obriga o cidadão a apelar mesmo para o próprio carro, muitas vezes sem nenhum passageiro. Quem conhece São Paulo sabe como a circulação sob o solo permite muitas vezes se livrar de congestionamentos imensos e chegar ao destino sem esperas. E os sistemas de BRT, como o Move, ajudam até certo ponto, já que boa parte das avenidas da cidade não tem condição de receber faixas exclusivas para os articulados.

Quando quase dois terços das pessoas diz aceitar uma redução de 10% no salário em troca de um local de trabalho mais próximo de casa fica ainda mais claro como é estressante e desgastante ter que se juntar ao fluxo. Houve épocas em que havia horários de rush – fora deles era possível circular com certa agilidade e tranquilidade. Hoje só nos feriados. Basta um veículo com problema e os efeitos se multiplicam por quilômetros.

A mesma pesquisa mostra que 90% das pessoas não estão satisfeitas com as faixas de asfalto pintadas pelas ruas que alguns insistem em chamar de ciclovias. Por vezes estreitas, muitas vezes transformadas em estacionamento, cheias de obstáculos, elas valem pela iniciativa muito mais do que pelo resultado.

O curioso é notar que, apesar de toda a febre e polêmica envolvendo os aplicativos de transporte particular, 80% dos entrevistados admitiram não usá-los constantemente – não é possível afirmar se por custos, medo ou falta de costume mesmo.

Certo é que, se a voz do povo é a voz de Deus, o recado está dado: é preciso melhorar muito, por mais que se esteja fazendo.

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