Fazendo fortuna com o Método Bazin: O livro número um (ou quase) da minha estante

09/08/2021 às 15:20.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:38

Existe um universo de livros sobre investimentos e bolsa de valores e eu já perdi as contas de quantas obras do tipo eu já li na minha vida. Mas tem um clássico dos anos 1990, que li mais recentemente por indicação do Luiz Barsi Filho, o maior investidor individual da bolsa de valores do Brasil, e que ganhou grande importância para mim: “Faça fortuna com ações, antes que seja tarde”, do jornalista e investidor Décio Bazin.

Em linhas gerais, o autor mostra como trilhar com segurança os caminhos da Bolsa de valores e oferece um roteiro objetivo e claro de como operar com lucro. Li, gostei, é simples (tanto que o método dele em si é descrito em duas ou três páginas) e ele passa o resto do livro falando um pouco do dia a dia do mercado, como era a vida no pregão, os tipos de pessoas que existiam e por aí vai.

Da sua perspectiva, de uma pessoa de origem humilde, que por meio do mercado de capitais conseguiu construir uma fortuna investindo em ações, ele conta que os grandes vencedores, acumuladores de patrimônio, eram as pessoas que seguiam uma filosofia de investimento de longo prazo. Com isso em mente, o autor tenta quantificar uma estratégia de investimento para que os investidores possam selecionar ações que pagam dividendos para obter bons lucros no futuro.

Bazin elenca quatro critérios importantes na hora de escolher as melhores empresas para se tornar sócio. Dois critérios são bem objetivos e outros dois são mais subjetivos. O primeiro, objetivo, é: “invista em ações que pagam mais de 6% de yield”. Este número que ele determinou como critério refere-se ao valor que os títulos de longo prazo do governo remuneravam na época. Hoje em dia esse número está  na casa dos 4,5%, por isso os mais puristas do método Bazin mantêm os 6% de yield como critério e os mais modernistas atualizam para 4,5%. É uma leitura individual hoje, mas o fato é que para o Bazin este era um filtro determinante: pagou mais de 6%? Pode comprar. Pagou menos? Melhor evitar.

Outro critério objetivo essencial de Bazin é: “sempre comprar empresas que tenham endividamento baixo”. No entanto, o autor não especifica no livro o que isso significa para ele. Na minha visão, trata-se de uma empresa que tenha uma dívida inferior ao patrimônio líquido ou inferior a 3 vezes a geração de caixa medida pelo EBITDA. Para mim, uma empresa que apresente esses dois critérios tem endividamento baixo. Não sei se Bazin concordaria com a minha visão.

O terceiro ponto que Bazin sugere é mais subjetivo. Ele indica que o investidor invista em empresas que tenham “perspectivas favoráveis”, ou seja, crescimento futuro contratado, avenidas de crescimento já encaminhadas. Cada investidor vai olhar para uma empresa e dizer se essa empresa tem perspectivas favoráveis ou não.

O quarto e último ponto que Bazin considera essencial na hora de escolher quais ações comprar é evitar se associar a empresas que tenham se envolvido em problemas, em escândalos de corrupção, qualquer fato que suje sua imagem. Novamente, é um critério subjetivo, não existe uma função, uma economática por trás que ajude a definir objetivamente se a empresa passa ou não por este filtro. Vai da análise particular de cada investidor e do acesso que ele tem a informações.

Este é o core do livro “Faça fortuna com ações, antes que seja tarde”. Particularmente, gosto muito do método Bazin e já fizemos testes na Suno usando apenas os dois primeiros critérios definidos pelo autor (empresas sem endividamento e que pagam mais de 6% de dividendos) e os resultados foram fenomenais, ao longo do tempo foi uma estratégia que se mostrou muito vencedora.

Mas eu não posso finalizar este artigo sem deixar claro que nos meus investimentos eu olho sim o método Bazin, mas ele não é o driver fundamental, eu não saio comprando empresa somente porque passou no filtro dele, eu prefiro sempre analisar a empresa como um todo. Por isso que sim, já investi em empresas que passavam no método Bazin, como a Unipar (UNIP6), por exemplo, que foi um dos melhores cases da Suno, mas também já investi em empresas que nem sequer pagavam dividendos, como a Apple.

Portanto, se eu pudesse dar um conselho para os investidores mais puristas do método do grande Bazin seria este: ter olhos mais abertos para essas empresas de tecnologia que tem crescimento, lucratividade, mas não estão pagando dividendos. Acho que quem se fechou para essas oportunidades acabou deixando dinheiro na mesa. Ficar atento para outras métricas de geração de lucro além do dividend yield é muito válido. O Shareholder yield, por exemplo, é uma métrica que gosto bastante e que tem uma visão mais holística da geração de caixa, não olha só dividendo, olha também a recompra e o quanto teve de variação na dívida líquida.

“Faça fortuna com ações, antes que seja tarde” é um livro que quem executar, vai fazer fortuna sim, mas quem ler a fundo vai ver que Bazin cita os senhores de cabelo branco, que são os verdadeiros vencedores do mercado, porque já acumularam durante anos. Então, sim, é possível fazer fortuna com ações, mas sem a ilusão de riqueza rápida, como a gente vê muito por aí. É um livro que vale muito a pena a leitura e inspirou, de certa forma, a minha forma de pensar e a Suno como um todo.  

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