IPO: vale a pena investir em uma empresa que acabou de estrear na bolsa?

25/03/2021 às 17:23.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:30

Se achávamos que 2020, com seus 28 IPOs que movimentaram cerca de R$ 117 bilhões, tinha sido “o ano” das ofertas públicas de ações no Brasil, 2021 já promete bater um novo recorde. Somente nos primeiros dois meses do ano, 14 empresas já começaram a negociar suas ações na bolsa de valores. E a fila na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de novos interessados em abrir seu capital é extensa: mais de 40 empresas estão em análise.Mas, será que investir em IPO é um bom negócio para o investidor? 

A verdade é que não há resposta fácil, é preciso analisar as ofertas caso a caso, empresa por empresa. Com muita calma, atenção e cautela.

Muitas vezes, abrir capital é uma estratégia para captar dinheiro rapidamente, de forma relativamente fácil. Em um processo que, às vezes, assemelha-se a uma espécie de campanha eleitoral, onde as empresas aparecem nos prospectos como perfeitas, aproveitando do fato de que seus dados ainda não são completamente públicos. Mas, um olhar mais atento pode notar alguns indícios de que as informações ali descritas, muitas vezes, não refletem a realidade absoluta das companhias. 

Por isso, alguns analistas de mercado chegam a orientar, de forma geral, a evitar entrar em IPO. Esperar os três primeiros balanços trimestrais das empresas pode ser a recomendação mais segura. Ok, você pode perder o preço atrativo da oferta inicial e a empresa pode se valorizar bastante. 

Mas, e se acontecer o contrário? O investidor precisa que a empresa que ele se tornou sócio seja lucrativa, que tenha uma boa gestão, bons planos para o futuro, um mercado sólido, com espaço para crescer. Saber disso tudo leva tempo.

Apesar de o número de empresas com capital aberto ainda ser restrito no Brasil (há apenas cerca de 400 empresas listadas na bolsa de valores), muitas são ótimas oportunidades para o investidor e apresentam ganhos sólidos, dados concretos, sem oferecer o risco inicial do IPO. 

Por exemplo, tem IPOs que não foram muito bem no curto prazo, como Burguer King (BKBR3), Estapar (ALPK3). No entanto, por outro lado, alguns foram um verdadeiro sucesso, como a Mosaico (MOSI3), dona das plataformas Buscapé, Zoom e Bondfaro, que durante sua estreia na B3 em 2021 obteve um aumento de 96,96% em apenas um dia ( 5 de fevereiro). 

Como disse, não existe resposta correta, analisar caso a caso é preciso. E também é importante lembrar que as empresas mudam muito ao longo do tempo depois do IPO, pode acontecer muitas variáveis que impactam nos resultados. O IRB Brasil (IRBR3) foi bem por um tempo, desde que abriu seu capital, em 2017, apresentando ganhos consistentes e crescendo mais de 445% até sua máxima, no início de 2020. Até que um relatório imenso da gestora Squadra revelou anos de fraudes contábeis da empresa. Resultado: queda de mais de 80%, gestores demitidos, caos instalado. 

Uma dica que pode ser interessante antes de optar pelo IPO é observar para que o dinheiro que irá entrar na companhia será usado, essa informação consta no prospecto. Vai ser utilizado para o  crescimento da empresa, investindo em unidade de negócio, unidade fabril,  tecnologia? Ou vai servir apenas para colocar fluxo de dinheiro no caixa?

Mais uma vez, não existe resposta pronta, nem fórmulas milagrosas garantidoras de sucesso. Analisar criteriosamente cada empresa é função do investidor, de nada adianta comprar uma ação só porque alguém recomendou, em efeito manada. O importante é refletir e fazer suas escolhas por si próprio. Encontrar a próxima Magazine Luiza (MGLU3), o próximo pote de ouro, é muito difícil. Investir com este propósito pode deixar os investidores frustrados e com menos dinheiro no bolso. 

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