Num Brasil em que grande parte da população não se prepara adequadamente para aposentadoria, seja com planos de previdência ou investimentos, a necessidade de falar sobre o assunto é urgente. Há pesquisas que indicam que quase dois terços das pessoas com mais de 60 anos não têm recursos suficientes acumulados para quando deixarem de trabalhar. Uma das alternativas para ter tranquilidade no futuro é ter um plano de previdência privada. Mas, do ponto de vista financeiro, vale a pena?
A resposta para essa questão é a mesma que eu tenho para diversas aplicações financeiras: tudo depende do produto que se está adquirindo. Se, por um lado, a previdência privada é um investimento de longo prazo que tem vantagens tributárias relevantes, a maioria desses produtos comercializados no País tem rendimentos que perdem para inflação. Ou seja, que consomem o poder de compra do investidor no passar dos anos. Há pouco tempo, o total de produtos de previdência que perdiam para inflação no Brasil superava os 90%.
O problema da previdência privada (e de outros produtos financeiros) não é a estrutura da aplicação em si, mas a forma como o produto é comercializado pelas instituições financeiras. Muitos fundos de previdência não são bem administrados, com uma má gestão dos ativos e, mais do que isso, cobrando um alto custo por essa administração.
Partindo daí, meu conselho é: se você pensa em adquirir um produto de previdência privada com o objetivo de garantir sua aposentadoria no futuro, fique atento a dois pontos principais. Em primeiro lugar, analise o histórico da gestão do fundo que pretende investir. Pesquise para saber os antecedentes dos investimentos. E, em segundo, faça uma análise os custos embutidos no pacote, que podem consumir a rentabilidade do seu investimento.
Imagine que você invista R$100 em uma previdência hoje e daqui a 25 anos, ao se aposentar, você tenha um valor com poder de compra de R$ 95. É isso que acontece com a maioria das aplicações de previdência privada no País.
Essa situação, no entanto, vale para todos produtos financeiros que você pode adquirir. Você pode ter prejuízos ao comprar ações de uma empresa ruim, Fundos Imobiliários (FIIs) com taxas elevadas, entre outros tantos investimentos. Sempre avalie histórico e os custos embutidos.