Finitude e sentido da vida

28/02/2020 às 06:00.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:46

Há algum tempo resolvi estudar sobre finitude, buscando autores que relatassem vivências ou pesquisas sobre o tema. O meu objetivo era começar a ler mais sobre a morte real, aquela em que a vida do corpo tem um fim, para entender, depois, sobre a morte simbólica, aquela que faz as pessoas desistirem de viver ou um estágio que as leva a não perceber sentido e significado na vida.

Daí fui impulsionado a ler mais sobre suicídio, já que esta morte real é ocasionada muitas vezes por uma tentativa de cessar a dor, nem sempre de acabar com a vida. Buscando associar os meus estudos com as situações que vivo no dia a dia, em relatos feitos a mim após as palestras ou nas ações do movimento social que coordeno, vieram demandas de leitura sobre a automutilação, tristeza e depressão. Alguns outros transtornos psicológicos, como distúrbios alimentares e amor patológico, também serão comtemplados nas leituras.

Existem outros tipos de mortes simbólicas, como o luto pela perda de um emprego, de uma pessoa querida, de um animal doméstico, pela finalização de um relacionamento. Há pessoas que se encontram em empregos que não gostam, situações aflitivas que não conseguem resolver, pressões que vêm de vários lados e vivem numa tortura diária sem conseguir se afastar do seu algoz. Isso é num aprisionamento que pode levar a um desses tipos de morte: real ou simbólica.

A vivência nos mostra que às vezes um acontecimento, que pode fazer a pessoa deixar de ver sentido na vida, em algum momento a impulsiona a querer viver ainda mais. Por exemplo, passar por uma privação pode levar as pessoas a considerarem a vida mais plena, mesmo que em algum momento do problema a pessoa não consiga enxergar sentido e nem ver uma “luzinha no fim do túnel”. 

Também já estava com alguns livros sobre doenças terminais olhando para mim, todos os dias, do alto da mesinha do meu quarto. Neles descobri relatos diversos, mas a cada caso contado ia tendo a certeza de que as pessoas nutrem muita esperança: de cura, de um novo tratamento, de um milagre, de perdão, de achar um sentido na dor, de vida.

Nas casas de repouso, por exemplo, é doloroso ver uma pessoa deixar a casa em que viveu por 50 anos para dividir um quarto com um desconhecido, que mal pode sair da cama e conversar. Isso, associado ao afastamento da família, gera medo. Ali entendi que muitas vezes não é o medo da morte, mas o de morrer sozinho.

O medo é um capítulo à parte, pois ele é arrebatador. Desconfigura sonhos e cerceia liberdades, quando não as exaure. Sobre o medo ainda tenho lido e pesquisado bastante, mas um filme sobre a história da cantora Nina Simone, e uma das suas frases, me motivou a procurar esse tema. Ela, bipolar, vítima de violência física e psicológica pelo seu marido e empresário, falava que “liberdade é não ter medo”. 

Quanto mais a gente vai estudando, mais caminhos vão surgindo. Tenho que pesquisar ainda sobre violência doméstica, drogas, bullying e entender como isso impacta mortes reais e simbólicas.

No entanto, os livros de Viktor Frankl sobre sentido e significado me ajudarão a reforçar os conceitos de vida, esperança e amor, que estão contidos em todos os livros sobre finitude e doenças terminais que tive acesso. Muitos deles ressaltando a importância de descobrir que a felicidade é bem diferente para cada pessoa e as motivações para viver também. E por falar nisso, livros sobre felicidade são os próximos a serem adquiridos.

  

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