Sobre a morte e a vida

16/01/2020 às 15:26.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:19

Eu queria fazer o meu programa de rádio, durante o mês de novembro todo, sobre a vida, mas em sentido inverso, analisando a morte, para buscar entender o que estamos fazendo por aqui.

Além de especialista que eu iria buscar para convidar a dar entrevistas, coloquei no YouTube o tema e fui direcionado para uma palestra, num hospital, com a geriatra Ana Claudia Quintana Arantes. A fala dela é bem direta, sem ser agressiva, vinda de uma experiência de anos com pacientes terminais. E a abordagem era justamente a que eu queria: Não falar da morte em si, mas ressaltar a importância de descobrir significado na vida.

Depois de alguns outros vídeos sobre morte e luto, chego à conclusão de que quero estudar mais sobre isso. Inclusive, ler mais livros sobre significado, sentido para a vida, sem que sejam religiosos.

Outro vídeo da doutora Ana Quintana me aparece na internet. Dessa vez, um TEDx que deu origem ao seu livro com o mesmo nome: “A morte é um dia que vale a pena viver”. E não é que esse livro nos dá uma vontade de fazer um monte de coisas, de não adiar o que nos faz bem, de planejar para viajar mais, falar com pessoas que há tempos não falamos, viver mais cada momento.

Ao contrário do que alguns possam imaginar, o livro não serve só para quem perdeu alguém querido. Ele serve para muitos de nós que temos perdido tempo na vida.

Através dessas pesquisas, cheguei a diversos autores, cujos livros eu adquiri para estudar ainda mais. E tive a grata satisfação de conhecer e entrevistar a psicóloga Glaucia Tavares, autora de “Do luto à luta”, que teve uma perda familiar há mais de 20 anos e hoje atua em diversas frentes, inclusive, com a Rede API, que significa “Apoio a Perdas Irreparáveis”. Vale muito a pena buscar mais informações de como as pessoas, em rede, podem se ajudar em momentos tão dolorosos da vida.

Também a partir da minha decisão de estudar um pouco mais a morte, comecei a ouvir histórias diversas, de filhos que enterram seus pais, mas de pais que têm que se despedir dos seus filhos. A Gláucia Tavares disse na entrevista que nos deu na rádio que uma morte não deve ser esquecida e nem superada. A pessoa terá é que conviver com um novo verbo: ressignificar.

Só sei que por mais certeza que tenhamos sobre a nossa finitude, culturalmente, detestamos falar sobe esse assunto. Mas é algo que temos que discutir ainda mais, pois é possível viver melhor a partir do momento em que a gente tem o entendimento do que queremos e a importância disso em nossas vidas.

Sem que eu buscasse, outros temas correlatos chegaram até a mim e estou, ainda, lendo e refletindo. Comecei um livro sobre câncer e esse será o tema, em breve, de uma conversa por aqui.

Para conhecer a Rede API: redeapi.org.br.

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