O pedido que chegou em meu celular foi bem direto. Era de uma líder comunitária falando que a situação em uma grande comunidade da região metropolitana de Belo Horizonte é de desespero, já que muitas famílias não têm dinheiro para pagar a conta da água e, ainda mais agravante, para comprar comida, já que o que têm de mantimentos daria apenas para mais um dia.
Muito sensibilizado com o impacto daquela mensagem, que se soma a várias outras e inclusive com fotos das suas condições precárias, comentei com um amigo que quem nunca passou fome talvez só imagine, mas não saiba de fato a importância de uma cesta básica na vida de uma família.
Em algum momento da sua vida, você chegou a olhar para as contas de água acumuladas e não tinha o que fazer com essas pendências ou percebeu que o papel higiênico acabou e não tinha centavo algum para comprar? Já imaginou isso acontecendo numa casa com quatro ou mais pessoas? Não é preciso passar por essa situação para se sensibilizar, mas quem já viveu tudo isso sabe a dor real.
Todos nós temos sido impactados com muitas notícias ruins: mortes, fome, desemprego, corrupção inclusive na distribuição de vacinas, desrespeito e descaso de alguns com um problema que é comum a todos nós.
Mas há um outro lado que não se pode ignorar: tem muita gente que não abaixa a cabeça, não cruza os braços e não aceita que a situação fique como e stá. Há muita gente que, mesmo com recursos financeiros escassos, e inclusive por isso, compartilha o que tem.
Lembro de um dia que fomos fazer a entrega de alimentos para pessoas em situação de rua no centro de BH e algumas ficaram sem receber, já que o que levamos tinha acabado. Nesse momento, vimos uns dividirem o pão que ganharam com aqueles que ficaram sem nada.
Compreendo perfeitamente um provérbio chinês que diz: “dê um peixe a um homem e você o alimentará por um dia. Ensine-o a pescar e você o alimentará por toda uma vida”. E assim muitos de nós o fazemos, dando às pessoas a possibilidade de aprender, se desenvolver e se fortalecer emocionalmente para lidar com as adversidades, num cenário em que ele não vive a iminência da fome todos os dias.
Uma alegria imensa nasce dentro da gente quando surge uma campanha que possui o engajamento de diversas instituições sociais, empresas, pessoas físicas que vão chamando os amigos, estimulando a participação conjunta e a doação numa plataforma que visa arrecadar dinheiro para levar comida a quem precisa de imediato.
A ideia de um financiamento coletivo para o combate à fome de famílias da grande Belo Horizonte e da capital mineira nasceu de uma urgência e tem sido prontamente adotada pela cidade. As pessoas começaram a querer ajudar, outras que conhecem as mais de 50 instituições sociais participantes, e sabem que são sérias, começaram a fazer postagens em suas redes sociais, a pedir aos amigos.
Um movimento que ganhou um nome de grande significado: Unindo Forças BH, já que não é uma iniciativa isolada. E aí também que nos é restaurada a esperança, pois a causa é maior que qualquer uma pessoa ou instituição isoladamente.
Em cinco dias a campanha foi lançada e dois dias depois já havia alcançado um quarto da sua meta. Como diz o físico Leonard Mlodinow, citando a sua própria mãe: “onde há vontade, há caminho”.
Para saber mais, entre no instagram @unindoforcasbh e veja na bio como doar e divulgar a campanha