Vamos cuidar dos idosos

19/03/2020 às 20:57.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:01

Minha mãe, que tem 84 anos, é diabética, possui pressão alta e outras coisinhas mais. Ela tem ficado sozinha em casa e a estamos acompanhando à distância, uma vez que temos tentado preservá-la no que diz respeito à sua saúde física. 

Nossa preocupação agora é com a saúde psicológica, pois é muita notícia sobre o mesmo tema e agora se acentuam as mortes. Fora que ela sabe que pela idade e com várias doenças juntas, pertence ao grupo de risco.

Conversei com ela sobre as redes sociais e o tanto de mentira que é disseminada, falei para ela evitar as mensagens de aplicativos, pois o que for importante a gente vai passando para ela depois de checar.

Hoje, pela manhã, como tenho feito todos os dias, liguei para ela, que me explicou que deixa a rádio ligada para ter um barulho na casa, mas que prefere uma rádio que toca mais música, para evitar ouvir sempre do mesmo. Fiquei feliz com a decisão dela, ainda mais pela escolha da rádio.

Ela disse que tem muitos livros para ler, tem dormido, colocado algumas coisas em ordem, cuidado da cachorrinha e feito exercícios dentro de casa. Sai no quintal para molhar as plantas, mas quando entra em casa lava as mãos, mesmo sem ter tido contato com ninguém e saber que as superfícies que toca não tiveram contato com outras pessoas.

As coisas que ela precisa, são colocadas na caixa de correios. O cartão do plano de saúde, que ela esqueceu na clínica, o motorista que leva uma amiga para tratamento quimioterápico trouxe e deixou na caixa de correios. Ela disse que lavou bem o cartão e passou álcool. 

Há um medo grande, frente ao desconhecido, mas isso ainda não conscientizou muita gente, inclusive diversos idosos, que acham que se forem contaminados, já viveram muito e por aí vai. Esse quase sempre é um discurso de defesa, pois nenhum deles quer morrer. Mas é um discurso de desinformação e egoísta, pois ao ser infectado, o indivíduo pode infectar muitos outros, sem ao menos se dar conta.

O momento não é de demonizar os idosos que estão na rua. Mas é de informá-los, pois insultos públicos não ajudarão que eles mudem de opinião. Muitos ainda insistirão na velha ideia, aí talvez seja mais adequado um diálogo mais técnico, de um médico de confiança. Há muitos jovens, mundo afora, que se sentem imunes e transitam para cima e para baixo, muitas vezes desnecessariamente, como me relatou uma amiga que mora em Berlim.

A nós todos cabe a importante e humana tarefa de não abandonar os idosos. Não abandonar ninguém.

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