As eleições no Congresso e a necessidade da frente ampla

10/02/2021 às 18:43.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:09

As eleições para as presidências da Câmara e do Senado esboçaram os quadros que vão se conformando para as disputas de 2022. No fundamental, Bolsonaro dividiu os partidos de centro e atraiu a direita liberal. Se não houver traições, dificilmente outra candidatura viável correrá nessa raia conservadora no próximo ano. Dessa forma, Bolsonaro vai tentando construir sua reeleição e juntar o que há de mais fisiológico para conduzir o país.

Há menos de dois anos das eleições presidenciais, as eleições no Congresso Nacional demonstraram que Bolsonaro costura a unidade da extrema direita com a direita liberal para o pleito de 2022. A prevalecer esse cenário, haverá poucos espaços para candidaturas conservadoras fora desse espectro de partidos.  A extrema direita, essa que ataca os direitos da população LGBTQI+, que destrói o meio ambiente, que é contra a ciência, a vacina e mais um monte de bizarrices, desde sempre foi o núcleo duro de Bolsonaro. A novidade é o apoio recíproco a partidos com os quais Bolsonaro disse que jamais se alinharia durante a campanha eleitoral. É uma espécie de relançamento do governo, numa versão mais pragmática, despudorada, que assume de forma escancarada o “toma-lá dá cá” da política brasileira, cuja falsa oposição a ela, por sinal, foi um dos fatores que o levou a vitória presidencial em 2018, caracterizando, assim, um verdadeiro estelionato eleitoral.

O chamado Centrão sempre operou na mesma frequência, o que mudou foram os governos e os interlocutores em cada diferente época. Esse verdadeiro pêndulo político de ocasião, capaz de oferecer governabilidade a vários governos, de FHC a Lula, passando por Dilma e Bolsonaro, não tem propriamente um projeto de Nação, mas sim interesses regionais e, por isso, precisam ser governo para atender às suas bases políticas e ocupar espaços que se transformem em máquinas de votos. Todos os governos usaram e foram usados por partidos que não nutriam afinidades ideológicas ou políticas em nome da governabilidade, quase sempre instável, mas útil diante de um sistema político pouco partidário e altamente personalista. O problema, no entanto, não reside em formar maiorias, mas sim tê-las a serviço de uma política antinacional e lesiva aos trabalhadores.

Bolsonaro sabe que, diferentemente de 2018, precisará no próximo ano de tempo de TV e partidos capilarizados em todo o país. Os partidos representados pela direita liberal venceram as eleições em 2020, são maioria nas prefeituras das cidades mais populosas e elegeram o maior número de vereadores. Bolsonaro precisa desses partidos para governar e construir sua reeleição. É por isso, aliás, que o presidente colocou para fora do governo o ex-juiz Sergio Moro e agora tenta isolar o vice-presidente Hamilton Mourão. Mirando a reeleição, Bolsonaro entende que o centrão possui mais poder de fogo do que Moro. Na mesma linha a vice candidatura será moeda de troca na composição da chapa majoritária e não caberá outra vez um general neste cargo, já que os militares já tomam conta de outras áreas estratégicas do governo.

Dessa forma, fica evidente a necessidade de uma frente política ampla, que reúna dos partidos de esquerda e de centro, passando por empresários, trabalhadores, estudantes, intelectuais, artistas, profissionais liberais, empreendedores, desempregados, enfim, todos aqueles que tenham interesse em barrar essa marcha insana que tem levado o Brasil ao caos. Não é hora de discutir nomes, mas sim um programa básico oposto ao de Bolsonaro, que proponha a retomada do Estado Democrático de Direito, a geração de emprego e renda e os investimentos sociais. Apesar de tudo, Bolsonaro ainda tem força, mas não é imbatível diante de uma unidade ampla que leve em conta os interesses da Nação e do desenvolvimento.

  

 
 

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