Primeiro de Maio sem direitos

02/05/2018 às 21:04.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:38

O Primeiro de Maio que se passou foi muito diferente. Os sindicatos sempre utilizaram o slogan “Nada tem o trabalhador a comemorar”, mas o jargão este ano soou sarcástico, como realidade dura, nua e crua. Após 75 anos, os trabalhadores passam o seu dia sem o arcabouço jurídico de proteção e garantia da atividade laboral, expresso na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Ela foi destruída pela Reforma Trabalhista promovida pelo governo Temer e pela maioria do Congresso.

Conquistada pelas lutas populares do início do século passado e pela Revolução de 30, a CLT representou a libertação definitiva da escravidão praticada nas fazendas e a entrada do país nos tempos modernos. A sua destruição representa um retrocesso civilizacional que fez o Brasil percorrer um caminho inverso. Passados seis meses de sua aplicação, o resultado da Reforma Trabalhista já pode ser sentida. Ao contrário do apregoado para sua aprovação, que prometia “modernizar as relações de trabalho” e gerar milhões de empregos, o resultado é desastroso para a classe trabalhadora.

Desde a entrada em vigência da reforma, a taxa de desemprego não parou de subir. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), mostram o aumento do número de desempregados no primeiro trimestre de 2018. A taxa dos que estão sem ocupação foi para 13,1% e já atinge 13,7 milhões de brasileiros e brasileiras. Em 2018, até o fim de março, cerca de 1,4 milhões de empregos foram sacrificados.
Já não fossem males suficientes, desde 23 de abril o nível de perversidades da Reforma aumentou. A Medida Provisória 808/17 caducou neste dia. Ela foi publicada para corrigir algumas deformações na legislação que passou a vigorar em novembro de 2017. Com isso, além do desemprego, dos salários menores, do assédio no ambiente de trabalho, as mulheres e seus bebês perderam proteção, pois as grávidas e lactantes poderão trabalhar em espaço insalubre.

Além da nova legislação, a situação econômica do país contribui para o primeiro de maio dos trabalhadores ser o pior dos últimos anos. O principal fator de geração de empregos é dinamização da economia. E o golpe que tirou a presidenta Dilma aprofundou a crise econômica. Foi justamente durante os governos da coalização democrática e popular que a economia brasileira experimentou virtuosa fase de desenvolvimento. Entre 2003 e 2014, foram gerados cerca de 21 milhões de postos de trabalho no país.

Em homenagem ao presidente que gerou tantos empregos, desenvolveu a economia e tem toda uma vida em defesa da classe trabalhadora, a comemoração do Primeiro de Maio deste ano se transformou em uma grande manifestação política em favor da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde 7 de abril na sede da Superintendência da Polícia Federal do Paraná. O mote do encontro ali em Curitiba foi “Em Defesa dos Direitos e por Lula Livre”. O evento, promovido pelas sete maiores centrais sindicais do Brasil – CUT, CTB, Força Sindical, NCST, UGT, CSB e Intersindical – reuniu mais de 20 mil pessoas oriundas de todo o país. Que a esperança encontrada naquela manifestação fortaleça a luta do povo brasileiro por dias melhores. 


 

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