Acabaram as chuvas, mas 2018 virá com as mesmas enchentes

Publicado em 28/04/2017 às 17:29.Atualizado em 15/11/2021 às 14:19.

Ao longo dos anos assisti aos canteiros centrais da Av. Bias Fortes serem alargados e estreitados ao menos quatro vezes. Nunca consegui entender qual a razão desse tipo de coisa, mas não é prática incomum. São as famosas “obras de perfumaria”, que pretendem vender uma ideia de movimento da gestão pública que, na verdade, faz o que dá mais visibilidade, ainda que tenha menor impacto para a vida das pessoas.

Enquanto isso, as obras e providências estruturantes, para a cidade, continuam relegadas a segundo ou terceiro planos. É que são providências de anos, que demoram décadas a surtir efeitos e, com isso, não dão votos a ninguém.

Desde sempre temos problemas de alagamento na cidade. E não é para menos, já que BH é uma cidade de topografia irregular, cheia de vales de rios que foram sendo canalizados, restando à água a alternativa de correr sobre o asfalto.
O que me assusta, no entanto, é a completa inoperância da estrutura municipal.

A primeira grande enchente de BH data de 1923. Na década de 70, várias mortes foram registradas. Em 83, tivemos a mais trágica enchente da cidade, com 55 mortos - mas em 2003 o problema continuava e uma única chuva levou à morte  20 pessoas.

Um século depois continuamos assistindo aos mesmos alagamentos, nos mesmos pontos da cidade.
A prefeitura repete a ladainha do problema da forma de ocupação de BH, mas fico me perguntando se a cidade já estava ocupada quando os cursos d’água resolveram passar por aqui...

Sei que é muito difícil resolver o problema, que a taxa de impermeabilização é alta, que as soluções não são baratas, mas o problema não vai desaparecer sozinho. Posso garantir que todos os anos continuaremos assistindo ao mesmo quadro tétrico.
De ideias como asfalto permeável, até a reabertura de rios canalizados há décadas, passando pela criação de bolsões e grandes sistemas de bombeamento, uma enormidade de esforços já foi feita para propor soluções - mas preferem cuidar de encostas caídas e ruas alagadas uma vez por ano. Parece que cuidar efetivamente do problema não é o tipo de providência que dá votos.

O período chuvoso de 2017 acabou, mas nada foi efetivamente realizado para solucionar a causa do problema. Com isso, posso garantir: 2018 trará as mesmas enchentes, as que assistimos desde 1923.

Há bastante tempo deixei a turma da reclamação e parti para a execução. A lógica é: se você quer ver um problema resolvido, é melhor tomar as providências por si mesmo. Por isso, na quarta-feira desta semana, 3 de maio, às 19 horas, na Câmara Municipal, vou realizar uma reunião aberta de mandato para discutir esse tema com técnicos e a população de BH. Você está convidado!

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