Estão enganados os que comemoram a troca das lâmpadas da iluminação pública de BH por LED, como se isso fosse, por si só, capaz de melhorar a condição de segurança da cidade.
Belo Horizonte é uma cidade escura. As ruas, praças e parques da cidade, após o pôr do sol, são bolsões de escuridão que agravam a já precária condição de segurança da cidade, no centro e nos bairros.
Não é uma coincidência que a maior parte dos furtos e roubos ocorram entre 19h e 23h, como demonstra um recente estudo da Prefeitura de Belo Horizonte sobre a condição de segurança da região central, em uma realidade que claramente se reproduz nas demais regiões da cidade.
Aliás, não há aí nenhuma novidade. Qualquer um sabe que é mais perigoso circular por áreas escuras - é uma realidade demonstrada pelos estudos em todo o mundo e, mais do que isso, percebida pela população no dia a dia.
O que há de realmente surpreendente é o fato de a prefeitura ter formado uma PPP (Parceria Público-Privada) para a gestão da iluminação pública da cidade sem acertar com o novo gestor qualquer exigência de readequação da luminosidade ao nível do solo.
Belo Horizonte tem muitas árvores? Trabalhar com iluminação mais baixa, por exemplo, pode ser uma ideia melhor do que cortar as árvores, que voltarão a crescer.
A iluminação é insuficiente por falta de potência ou distribuição dos postes? Alterar a distribuição da iluminação pode resolver parte do problema.
A PPP promovida pela prefeitura, ao invés de responder a essas perguntas, parece ter se dedicado exclusivamente à substituição das atuais lâmpadas incandescentes por lâmpadas LED, o que levará a uma economia substancial no consumo de energia pelo município, mas sem gerar o esperado aumento da luminosidade para os pedestres, que continuarão no breu que são as calçadas de BH.
A verdade é que a precariedade da iluminação - que não será resolvida pela simples troca de lâmpadas - tem agravado o risco de circular no centro, vem aumentado a incidência de assaltos a mão armada na chegada em casa e possibilita que criminosos escapem quase sempre impunes.
Como estou preocupado com o assunto, chamei uma audiência pública para discutir esse serviço público, pelo qual a população paga um alto preço em taxas, sem que a contrapartida seja adequada. A prefeitura, a nova empresa gestora do serviço e os especialistas foram convidados, com o objetivo de apontar soluções para um problema que nós já conhecemos.
Se você mora em uma rua escura ou convive com a escuridão da cidade, venha participar da audiência pública, que vai ser realizada na próxima quarta-feira, dia 17 de maio, às 10h, na Câmara Municipal.