Seria engraçado se não fosse trágico

Publicado em 28/11/2020 às 15:38.Atualizado em 27/10/2021 às 05:10.

Alguns dias atrás ouvimos da boca de Guilherme Boulos, que representava a extrema esquerda brasileira em uma entrevista, que o problema da previdência pública brasileira era a falta de concursos públicos, pois com menos gente contribuindo para a previdência, seria cada vez mais difícil arrecadar o necessário para pagar a previdência… Ele não parecia estar brincando, mas eu esperava que estivesse, pois isso revela um estágio de falta de reflexão racional que assusta, especialmente porque pode atrair exatamente aqueles que entendem menos de finanças básicas e, por outro lado, reforça um discurso defasado e falido de que gasto público crescente é capaz de gerar riqueza.

O argumento de Boulos me lembra uma história sempre repetida por minha esposa, que conta que uma das crianças da família sonhava em ser caixa de supermercado para ficar o dia inteiro recebendo dinheiro… acreditando que ao final do dia o caixa seguia para casa com todo aquele dinheiro que milagrosa e gratuitamente as pessoas passaram o dia lhe entregando.

A reflexão infantil sobre o caixa parte da mesma crença absurda do raciocínio de Boulos: a de que o dinheiro pode aparecer e se multiplicar a partir da demanda por mais dinheiro, sem passar pela produção de bens e serviços. Na lógica do que vi em um comentário de rede social: é como se alguém que, sem dinheiro para fazer uma viagem, resolvesse gastar mais no cartão de crédito para juntar milhas.

O próximo ciclo eleitoral trará, mais uma vez, o confronto entre direita e esquerda. Espero que não promova, contudo, a expansão desse tipo de defesa irracional e ilógica de premissas falsas e perigosamente sedutoras para quem prefere acreditar em soluções mágicas e fantásticas para contrapor uma verdade simples: “Não existe dinheiro público, existe apenas o dinheiro do pagador de impostos.” (Margaret Thatcher)

É com essas palavras da Dama de Ferro que eu encerro este texto, torcendo para que o país mereça mais de seus políticos do que propostas infantis. Se não serão capazes de resolver todos os problemas, que comecem com o básico e gastem menos do que arrecadam.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por