Guilherme da CunhaAdvogado pós-graduado em Direito Tributário e deputado estadual, coordenador da Frente Parlamentar pela Desburocratização

Se ninguém é imparcial, não se deixe ser unilateral

Publicado em 12/12/2022 às 06:00.

A última semana foi cheia de notícias na política.

Houve a aprovação da PEC da Transição pelo Senado, medida com a qual Lula busca liberar R$145 bilhões extras para gastar nos dois primeiros anos de seu governo, aumentando dívida e inflação no país.

Houve a primeira divulgação de nomes de ministros do próximo governo de Lula.

Houve a retomada do julgamento pelo STF, a pedido de André Mendonça, o ministro “terrivelmente evangélico” indicado por Bolsonaro para a corte, da ação que pode tirar Sérgio Cabral da prisão. O ex-governador do Rio é o último político graúdo condenado pela Lava-Jato que ainda estava preso e seu pedido de soltura é embasado na mesma tese que anulou os processos de Lula. O ministro André Mendonça votou a favor.

Ainda no STF, houve o início do julgamento da ação que busca acabar com o orçamento secreto, que deve ter uma decisão na quarta-feira.

Houve polêmica em torno de suposto sigilo de 100 anos imposto por Bolsonaro sobre o valor do cachê que Gusttavo Lima recebeu para participar de uma campanha publicitária da Caixa.

E houve uma tentativa de golpe no Peru, praticada pelo presidente eleito no ano passado.

Mais do que comentar cada um desses importantes fatos, chamo atenção para a forma como eles quase sempre chegam até nós: através de notícias na imprensa. E a imprensa, como tudo mais no mundo, possui suas preferências e ideologias. Poucas vezes essas preferências e ideologias ficaram tão óbvias quanto na fracassada tentativa de golpe do presidente peruano.

Quando Pedro Castillo foi eleito, em 06/06/2021, a GloboNews noticiou o fato como uma vitória do “candidato de esquerda”. A matéria da época você pode ver aqui: https://bit.ly/gn-castillo. Após a tentativa de golpe, ele foi rotulado como “uma fotocópia do presidente Jair Bolsonaro”. A matéria está neste link: https://bit.ly/gn-castillo2.

Reconhecer que existem preferências e tendências na imprensa é só um primeiro passo. O seguinte é aprender como não se deixar manipular. A resposta instintiva, de desacreditar das notícias ou parar de ler / assistir os veículos com visão de mundo diferente da sua, é errada. Se informar apenas por quem fala o que você concorda é abrir as portas para a perda do senso crítico e para virar massa de manobra.

A solução é buscar informações em veículos que possuam visões diferentes. Isso deixará mais claro o que é fato e o que é opinião dos jornalistas e despertará no leitor a necessidade de fazer os próprios julgamentos e formar as próprias escolhas. E essa solução vale também para os perfis que você decide seguir nas redes sociais.

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