Professor WendelFormado em Comunicação Social e Artes Cênicas pela UFMG. Professor universitário e deputado estadual pelo Solidariedade

Como a rede familiar pode ressignificar a pandemia

Publicado em 14/05/2021 às 20:42.Atualizado em 05/12/2021 às 04:56.


Entre os muitos desafios que a pandemia de Covid-19 nos entregou em mãos, desacompanhados de um manual de instruções, está a interrupção abrupta do nosso “piloto automático”, fato que nos forçou a voltar nossas atenções para dentro de nós mesmos e para dentro de nossos lares.

Para Sartre, filósofo e escritor francês, um dos maiores desafios que afligem a natureza humana é justamente a proximidade com terceiros, como externaliza através de sua célebre frase: “o inferno são os outros”, porque na verdade é pelo olhar do outro que reconhecemos a nós mesmos, e é através da convivência que nossas fraquezas e as do outro se revelam.

E diante desse impasse temos duas opções: aceitar o desafio e aprender com ele, ou deixar que o vírus afete negativamente mais um aspecto importante de nossas vidas. A importância da família enquanto base é reconhecida desde o início dessa instituição sagrada: "A família tem, como função primordial, a de proteção, tendo, sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de problemas e conflitos, podendo formar uma barreira defensiva contra agressões externas, ajudando a manter a saúde física e mental do indivíduo”, defende o professor doutor Adriano Vaz Serra, uma das figuras mais relevantes da psiquiatria portuguesa.

Mas como, então, readaptar toda uma rotina de maneira que esta possa abarcar um expressivo aumento na quantidade de tempo passado junto da família e ainda não causar comprometimento e desgaste nas relações? É importante definir bem a disciplina de horários, a divisão de espaços individuais e marcar os limites pessoais de cada componente do núcleo familiar, mantendo assim o respeito e o diálogo, evitando muitos conflitos e por conseguinte o possível desgaste das relações.

A indicação também vale para aquelas pessoas que não possuem um núcleo familiar e optaram por passar este tempo de confinamento com amigos. Sendo laço consanguíneo ou não, o que importa é ter essa rede de apoio neste momento desafiador, zelando sempre pelo respeito e visando um crescimento pessoal apoiado na experiência coletiva, mesmo que de maneira remota; e neste momento a tecnologia pode ser uma grande aliada!

Para aqueles que moram com crianças, esse pode ser o momento de estreitar laços e de se permitir adentrar o universo da criança, através de brincadeiras inovadoras e lúdicas, o que pode ser muito terapêutico para ambos. As possibilidades de ressignificar a maior pandemia da era moderna em avanços individuais e coletivos são múltiplas, basta que a gente transforme em hábito o ato de olhar para o outro com mais carinho e respeito, entendendo que todos possuem dificuldades e desafios, e principalmente de como isso não é um empecilho, mas uma oportunidade de crescer juntos, fortificando laços.

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