Professor WendelFormado em Comunicação Social e Artes Cênicas pela UFMG. Professor universitário e deputado estadual pelo Solidariedade

Quando uma mulher é injustiçada, deveríamos todos sofrer

Publicado em 08/10/2021 às 17:06.Atualizado em 05/12/2021 às 06:01.

Vinte e dois milhões. Este é o número de mulheres que sofreram algum tipo de assédio no curto período de 12 meses entre 2018 e 2019, no Brasil. O número é impactante, e a situação se torna ainda mais preocupante quando as estatísticas apontam que ao menos um terço de todas as mulheres já sofreu ou irá sofrer algum tipo de violência sexual ao longo da vida, e o fato de que uma mulher é estuprada a cada 8 minutos só confirma que violência de gênero é uma pauta mais que urgente em nosso país e que o Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher, 10 de outubro, é indispensável.

O aumento de casos de violência, especialmente durante o período de pandemia, nos revela que o problema não está apenas na rua escura, mas está em sua maioria dentro do próprio lar, onde os familiares e cônjuges são os agressores. É chocante saber que nem dentro do próprio lar a mulher está livre da possibilidade de ser agredida simplesmente por ser mulher, que se dirá então de ambientes onde homens são maioria e usam dessa vantagem para oprimir colegas de trabalho do sexo oposto, usando de artifícios que deslegitimam a mulher, humilham-na e que perpetuam a cultura do machismo e da misoginia como algo aceitável, quando não o é.

Vale lembrar que violência não é só agressão física, as agressões contra a mulher assumem várias roupagens, sendo algumas delas: a violência psicológica, que consiste em fazer a mulher passar por desestabilizada emocionalmente e exagerada; a violência patrimonial, que consiste em cercear a mulher da posse de seus próprios bens como forma de manipulação; a violência moral, que ocorre quando um homem humilha uma mulher simplesmente para expor sua imagem perante os outros; a violência cibernética, que ocorre quando um homem pratica bullying ou divulga fotos e conversas íntimas da mulher como forma de ataque ou vingança.

Há ainda outro tipo de violência contra a mulher, a obstétrica, que consiste em tratar com menosprezo a gestante, ignorando suas queixas e a ofendendo verbalmente. Aqui aproveito para destacar a violência que as gestantes surdas sofrem quando são tolhidas de se comunicarem no momento do parto, um momento tão delicado. Pensando nessas mulheres é que apresentei o projeto de lei 3.098/2021, que garante que as gestantes surdas sejam acompanhadas por intérpretes de Libras antes, durante e depois do parto, garantindo assim mais dignidade e respeito para essas mulheres.

Desenvolver essa consciência e tratar a mulher com respeito é o mínimo. Desconstruir hábitos e práticas machistas que aprendemos ao longo da vida é fundamental para que nós homens não sigamos reproduzindo a violência de gênero com as mulheres de nosso convívio. De igual para igual, respeitando-nos uns aos outros é que construiremos uma sociedade cada vez mais justa e ética.

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