Tiago MitraudAdministrador e deputado federal pelo NOVO/MG. É Líder do RenovaBR e dirigiu a Fundação Estudar

O caminho para um Brasil digital passa pela educação

Publicado em 08/10/2020 às 14:58.Atualizado em 27/10/2021 às 04:45.

Na última semana, foi divulgado o resultado da edição 2020 do Ranking Global de Competitividade Digital, desenvolvido pela escola de negócios suíça IMD, com o apoio, no Brasil, da Fundação Dom Cabral e do Movimento Brasil Digital. Apesar de ter atingido o seu melhor resultado desde o início do ranking, em 2016, o Brasil ainda amarga apenas a 51ª posição, entre 63 países na classificação geral.

O estudo avalia a extensão na qual os países adotam e exploram tecnologias digitais para liderar transformações no governo, nos negócios e na sociedade em geral. Nas três primeiras colocações, estão os EUA, Singapura e Dinamarca.

O Brasil vai especialmente mal em dois fatores relacionados à dimensão do conhecimento, que avalia a capacidade de um país de descobrir, entender e construir novas tecnologias. No quesito "Disponibilidade de mão de obra digital e tecnológica" ocupamos a 62ª e penúltima posição, à frente apenas da Venezuela. Já no quesito "Treinamento e educação" estamos na posição 61, com resultados melhores apenas do que a Indonésia e a Turquia.

Estas colocações são mais uma evidência de que há uma grande desconexão entre aquilo que nosso sistema educacional ensina aos jovens e aquilo que deles será exigido em sua vida profissional.

Tais resultados mostram que nossas escolas, que em geral já falham em oferecer o básico aos nossos alunos, terão que resolver o seu grande desafio de aprendizagem ao mesmo tempo em que inserem o jovem brasileiro no contexto digital demandado pelo mundo de hoje.

Adaptar nossa educação às atuais necessidades da sociedade requer fazer escolhas. E isso significa que, em algum momento, teremos que entender que, para que nossos jovens possam sair da escola sabendo programação, talvez tenhamos que deixar de lado as aulas sobre o funcionamento da bomba de sódio e potássio de nossas células.

A mentalidade muitas vezes presente em nossa cultura de que tudo é importante e que daremos conta de atingir plenamente todos os objetivos que temos para nossos alunos tem seu preço. Insistirmos nela fará com que deixemos de enfatizar na formação de nossos jovens as habilidades que a vida real exigirá deles. Permitir que saiam das escolas sem elas tornará suas vidas muito mais difíceis e estaremos limitando suas chances de sucesso. E é isso que temos feito no Brasil.

O Novo Ensino Médio, aprovado há 3 anos, que permite currículos mais flexíveis e dá ao aluno a possibilidade de escolher um itinerário formativo específico já é um avanço, mas está longe de ser suficiente. Outras medidas de aproximação da nossa educação com as necessidades do século XXI serão necessárias. Mais uma vez, olhar para fora e aprender com o que o mundo tem feito será fundamental. Estudos como este nos mostram que há um caminho. Precisamos de coragem para abrirmos mão de algumas verdades absolutas ainda presentes em nossa educação e nos permitir trilhá-lo.

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