Tiago MitraudAdministrador e deputado federal pelo NOVO/MG. É Líder do RenovaBR e dirigiu a Fundação Estudar

O título de Hamilton e as prioridades da Câmara

Publicado em 17/06/2022 às 17:54.

Há poucos dias acompanhamos a aprovação na Câmara dos Deputados da concessão de título de cidadão honorário do Brasil ao piloto inglês Lewis Hamilton. Na ocasião, o Novo foi o único partido que se manifestou contrário à proposta.

O nosso posicionamento não teve relação com a admiração pessoal de cada parlamentar à trajetória do esportista e sim ao uso da Casa para homenagear uma personalidade internacional enquanto o Brasil amarga com a paralisia diante das reformas estruturantes, com o potencial de solucionar problemas reais do país.

Entre as diversas propostas relevantes que estão prontas para serem debatidas e votadas no plenário está a PEC 32/2020, do início da Reforma Administrativa, que já está a mais de 260 dias pronta para ser pautada.

A PEC 45/2019, da tão aguardada, e necessária, Reforma Tributária foi avocada para o plenário há mais de 400 dias, e desde então não teve mais nenhuma movimentação.

Já a PEC 333/2017, do Fim do Foro Privilegiado, está pronta para ser votada em plenário há cerca de incríveis 1300 dias.

Em contraste à letargia no andamento destas propostas relevantes, a concessão do título a Hamilton teve sua urgência (!) aprovada no dia 02 de junho, e o mérito do projeto apenas uma semana depois, no dia 09 de junho.

Vale ressaltar que este projeto irrelevante está longe de ser uma exceção. Quase todas as semanas nos deparamos com propostas assim. Nas mesmas sessões apreciamos projetos como mudança de nome de ponte e instituição de datas comemorativas.

A rapidez com que pautas como essas avançam no Congresso Nacional, enquanto outras estruturantes se arrastam, escancara a falta de prioridades do nosso legislativo. Não há a mesma urgência para fazer avançar as soluções para os problemas da população brasileira.

A fome já afeta 33 milhões de brasileiros, mesmo patamar de 30 anos atrás, os índices de desemprego permanecem elevados, e o governo segue gastando mais do que arrecada. Chega a ser inacreditável que, diante de tantas questões a serem resolvidas, nosso Congresso - um dos mais caros do mundo - gaste tanto tempo e energia para ficar atribuindo cores a meses comemorativos e homenageando personalidades.

Ao menos nesta legislatura a presença do Novo traz uma voz contrária à apatia demonstrada pelos outros partidos diante desta inversão de valores ainda tão presente nas casas legislativas brasileiras. Que os eleitores possam também estar cada vez mais atentos. 

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