Todas as iniciativas e ideias que são muito boas precisam ser enaltecidas e, até mesmo, servirem de inspiração. Nos últimos dias 18 e 19, cerca de 120 pessoas embarcaram no ônibus da linha 9210 (Santa Tereza/Prado), mas não para trabalhar. Elas tinham outro (delicioso) compromisso, um tour gastronômico gratuito, que ligou os dois tradicionais bairros de Belo Horizonte. Na ocasião, os passageiros percorreram as melhores cozinhas da região.
O projeto, que contou com o apoio da Belotur, também teve ajuda da Frente da Gastronomia Mineira, instituição da qual já tive imenso orgulho de ser coordenador, e de acordo com o idealizador, o produtor cultural Lino Ramos, foi um sucesso. Tanto é que já existem planos de uma segunda edição para o próximo semestre, dessa vez um passeio a bordo do 2103, que conecta o Prado ao Anchieta.
Sempre ressalto aqui neste espaço a importância da nossa gastronomia para o turismo, para aqueles que vêm de fora, porém não posso deixar de destacar que essa iniciativa desenvolvida por um caro parceiro também evidencia que devemos trabalhar com os nossos públicos, ou seja, com aqueles que moram na cidade e muitas vezes desconhecem as riquezas culinárias presentes em cada cantinho desse belo horizonte.
Só para citar alguns exemplos, temos a avenida Aggeo Pinho Sobrinho, no Buritis, região Oeste, repleta de bares, restaurantes e hamburguerias. Já a Fleming, no bairro Ouro Preto, oferece um leque variado de estabelecimentos temáticos. A badalada Rua Alberto Cintra, que corta os bairros União e Cidade Nova, na região Nordeste, faz sucesso na vida noturna dos belo-horizontinos. Isso sem falar da nossa Sapucaí, que não tem samba como a do Rio de Janeiro, mas é um dos redutos gastronômicos mais famosos da capital mineira. Não posso deixar de fora dessa lista lugares antes degradados, como a Lagoinha, que nos últimos tempos vem passando por um período de reavivamento; e o baixo-Centro, próximo à Praça Raul Soares, área recentemente ressignificada com a abertura de casas onde a moçada se reúne para beber bons drinks.
Não quero me limitar apenas a locais conhecidos. Na nossa periferia temos também bons lugares para experimentar boa cozinha e desfrutar de prosa acolhedora. Nas nossas favelas, certamente, tem muita gente talentosa que poderia ser um dos vários cartões postais da gastronomia belo-horizontina. Por que não conectar, por exemplo, o Aglomerado da Serra e Cabana do Pai Tomás ou a Pedreira Prado Lopes com o Taquaril?
Acredito, inclusive, que não existe segmento da economia onde há possibilidade de gerar tantas conexões e oportunidades como a gastronomia. Que tal, então, mais ações como essa do ônibus 9210?
Conselheiro Consultivo da Abrasel-MG