Ricardo RodriguesConselheiro da Abrasel-MG, Diretor do restaurante Maria das Tranças e da Cruz Vermelha, Mentor, Palestrante e Consultor Sebrae

Cautela: a palavra do momento

Publicado em 27/08/2020 às 17:38.Atualizado em 27/10/2021 às 04:23.

Começou na última segunda-feira (24) um novo e esperançoso capítulo no demorado processo de flexibilização das atividades econômicas de Belo Horizonte. Após mais de cinco meses de portas fechadas, bares e restaurantes da capital mineira puderam reabrir de segunda a sexta-feira, de 11h às 15h, apenas para almoço. Agora, a partir do próximo dia 4, eles terão seu horário de funcionamento ampliado. Nas duas primeiras sextas-feiras do mês 9 (dias 4 e 11), os estabelecimentos poderão operar também de 17h às 22h. Já nos dias 5 (sábado), 6 (domingo), 12 (sábado) e 13 (domingo) a abertura será de 11h às 22h. Em todos esses novos horários será permitida a venda de bebidas alcoólicas, o que não estava autorizado até então.

É óbvio que o cenário é promissor, principalmente depois de um longo período de portas fechadas que dizimou, só em Belo Horizonte, quatro mil empresas do setor de alimentação fora do lar e mais de 30 mil empregos. Porém, ainda não é momento de comemorar. É preciso cautela.

Cautela porque nós, empresários, encontraremos um mercado completamente diferente daquele ao qual estávamos acostumados no dia 19 de março, última vez em que abrimos nossas portas com segurança. O movimento das casas não será o mesmo de antes, visto que a pandemia ainda não passou, o que inibe a população de retomar os antigos hábitos, entre eles a cervejinha pós-expediente.

Cautela porque os bares e restaurantes poderão funcionar com horários limitados e com redução do número de clientes, o que naturalmente impacta na queda do faturamento. Esse déficit, entretanto, não significa que as despesas serão necessariamente reduzidas: os compromissos com os fornecedores continuam. Vários estabelecimentos, inclusive, terão que honrar os boletos atrasados que não puderam ser pagos nos últimos 150 dias. As negociações de alugueis não terão descontos e tampouco flexibilidade. O pagamento de impostos também permanece tal como era antes, sem nenhum tipo de isenção. A Prefeitura de Belo Horizonte, por sinal, não fez questão de abonar o IPTU ao longo destes cinco meses em que ficamos fechados.

Outras despesas que devem ser colocadas no papel são os pagamentos dos funcionários e aquelas relacionadas à adequação aos protocolos sanitários: álcool em gel 70%, materiais de limpeza e novos formatos de cardápio são algumas.

É lógico que cada empresa tem a sua realidade financeira e administrativa. Porém, antes da reabertura é imprescindível que todas coloquem no papel os prós e contras deste ‘novo normal’.

Agora, mais do que comemorar a volta, é necessário cautela e sabedoria para que ações impensadas e gastos desnecessários não sejam a pá de cal que faltava para enterrar um empreendimento justo no momento em que um feixe de luz aparece no fim do túnel. Fica a dica!

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