Ricardo RodriguesConselheiro da Abrasel-MG, Diretor do restaurante Maria das Tranças e da Cruz Vermelha, Mentor, Palestrante e Consultor Sebrae

Reflexões sobre as Cinzas

Publicado em 24/02/2023 às 06:00.

Mais de 11 milhões de pessoas aproveitaram o Carnaval em Minas Gerais, seja nas festas ou na tranquilidade de hotéis-fazenda, serras e cachoeiras, conforme balanço apresentado nessa quinta-feira (23) pelo governo estadual. Segundo o secretário de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, a folia movimentou nada mais nada menos que R$ 1,5 bilhão em todo o estado.

Em BH, tanto a prefeitura quanto as entidades representativas da iniciativa privada consideraram positivo o balanço da folia momesca. Mesmo com a greve do metrô e a falta de patrocínio, que “ameaçaram” a saída dos blocos, a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), afirmou não ter havido perdas relativas à estruturação do megaevento, apesar de lamentar a ausência de recursos privados.

Embora o saldo tenha sido, de fato, positivo e consolidado BH como um dos grandes destinos de Carnaval no Brasil, não posso negar que, para uma festa desse porte, ainda há muito o que melhorar em questão de logística. 

Para nós, do setor de bares e restaurantes, por exemplo, o fechamento amplo do trânsito para a passagem de blocos comprometeu as vendas de alguns estabelecimentos. Muitos clientes que precisaram de um delivery, inclusive, não conseguiram ser atendidos. Isso porque os motoboys ficaram impedidos de chegar a alguns locais de entrega por causa do bloqueio e restrição de vias – por longas horas –, fechadas para a passagem dos cortejos.

O mesmo problema também atingiu trabalhadores, que devido ao fechamento de importantes ruas e avenidas da Capital, não conseguiram se locomover com facilidade até seus postos de trabalho, levando horas a fio no trajeto ida e volta, na longa espera por transporte público.

Não posso deixar de ressaltar ainda que o grande número de ambulantes nas ruas foi um entrave para as nossas vendas. Apesar de participarem da festa graças a um trabalho muito bem orquestrado pela Belotur, alguns deles não respeitaram regras básicas de operação: ouvi relatos sobre vendedores que continuaram trabalhando mesmo após o horário permitido pela prefeitura. Houve ainda a concorrência desleal, ou seja, ambulantes oferecendo cervejas bem mais baratas que as encontradas em bares e restaurantes, o que impactou diretamente o caixa dos estabelecimentos, principalmente aqueles localizados no trecho por onde percorreram os grandes blocos.

Por tudo isso, sugiro que no Carnaval de 2024, a comunicação entre Poder Público, empresários e sociedade civil seja mais eficaz, de modo que nenhuma das partes sofra com prejuízos. Não nos esqueçamos que o Carnaval é, sobretudo, uma festa democrática, portanto para que todos ganhem é preciso que os diferentes órgãos da cidade trabalhem em sinergia. Só assim surfaremos na mesma onda.

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