Supersticioso, daqueles que até hoje usam nos jogos do Galo a mesma cueca do dia da final da Libertadores de 2013, Gustavo insiste comigo ao telefone que Daniel Nepomuceno tem que “assumir a culpa”. Explico que, no papel, o presidente atleticano fez as melhores contratações e que, além de alguns nomes que não corresponderam, as frequentes lesões são responsáveis pelo lugar que a equipe ocupa agora no Brasileiro, na zona de rebaixamento.
Gustavo concorda, mas não abre mão do desejo de ouvir o mandatário falar aos microfones sobre ter jogado no lixo cinco meses de trabalho, repetindo as mesmas palavras de seu antecessor, Alexandre Kalil, quando Paulo Autuori deixou o cargo precocemente em 2014. Em seu lugar, lembra ele, entrou Levir Culpi, um técnico muito identificado com a torcida, que levou o grupo ao título da Copa do Brasil.
A situação é muito parecida com a era Diego Aguirre, que também perdeu o Mineiro, foi eliminado da Libertadores e não caiu nas graças da Massa. Assim como Culpi, Marcelo Oliveira é estimado pelos atleticanos, apesar de ter se consagrado no arquirrival. O uruguaio ficou poucos meses e deixou para o seu sucessor a missão de dar um reset na máquina alvinegra. Só que Marcelo ainda está longe de botar o time nos trilhos, sem conquistar uma vitória sequer.
Para Gustavo, a magia só se repetirá quando Nepomuceno pedir desculpas aos torcedores e afirmar que ainda terão muitas alegrias este ano. Em 2014, deu certo. A alegria veio de modo épico, com o Galo passando de fase na Copa do Brasil e realizando alguns milagres em forma de gol, como os 4 a 1 sobre Corinthians e Flamengo, quando todo mundo já decretava a eliminação com as derrotas por 2 a 0 nos jogos de ida.
Gustavo não se esquece do “aviãozinho” de Mano Menezes, dançando alegremente após o Timão sair na frente nas quartas de final. Ou do narrador carioca que cravou que o Flamengo era “finalista” ao abrir o placar, imaginando que os mineiros seriam incapazes de marcar quatro gols. É esse time que meu amigo quer de volta. Sonhar com o bi da Copa do Brasil não é demais, tendo em vista que Marcelo chegou a quatro finais do torneio.
Ele bateu na trave em 2011 e 2012, no Coritiba, e 2014, com o Cruzeiro, mas levantou o caneco em 2015, dirigindo o Palmeiras. O clube paulista, por sinal, viveu altos e baixos no Brasileiro do ano passado, após a chegada do treinador. E se o momento é de reformatar, expressão usada por Marcelo após a derrota para o Inter, é bom lembrar que foi no segundo semestre de 2014 que chegaram Douglas Santos e Rafael Carioca.
A dupla se tornou fundamental na campanha do título e é o que todo mundo espera com os reforços que estão vindo no meio da temporada, a começar por Fred. E se vier o zagueiro equatoriano Mina, melhor ainda. Além de ser sinônimo de grande riqueza, fonte de conhecimento e carga explosiva, mina também é o caminho subterrâneo aberto para vencer as muralhas e trincheiras inimigas, espírito guerreiro que resume o título de dois anos atrás.