

Quando a Fórmula 1 ainda adotava o sistema antigo de pontuação, o sexto colocado ganhava um mísero pontinho, o que não significava falta de emoção na briga para receber a bandeirada nesta posição, geralmente decidida na última volta da corrida.
Equipes medianas disputavam aquela faixa de colocação, entre o quinto e o nono lugar, e adotavam várias estratégias para driblar a falta de competitividade em relação às grandes e ainda contavam como o fator tempo (leia-se chuva) para tornar tudo imprevisível.
Com onze pontos atrás do São Paulo, nosso adversário de quarta, e sem conseguir vencer nenhum dos que estão à frente da tabela de classificação até agora, o Atlético parece cada vez mais se resignar a este papel, o de beliscar um lugar na próxima Libertadores.
Se não virar G-7, G-8 ou G-9, como no ano passado, os seis times que chegarem à parte de cima da tabela, em dezembro, estarão assegurados na competição continental. Claro que, a exemplo da F-1, vamos continuar esperando um "temporal" para buscarmos algo mais.
Torcer para que os primeirões continuem passando de fase em outras competições (Copa do Brasil e Copa Libertadores), além daqueles que estão na Conmebol poderem facilitar nosso caminho, é uma tática que não vem dando muito certo.
Com a confiabilidade de um motor Ferrari, os líderes vêm contrariando os piores prognósticos. Quem diria que o Aguirre, aquele mesmo que passou pelo Galo em 2016, mudando de time a cada jogo, emplacaria no São Paulo? E o Inter, que não se contentou em voltar para a primeira divisão?
A nós só resta "secar", torcer contra com toda a força possível. Uma expulsão, um impedimento, uma bola na trave, tudo vale neste momento. Como se, na pista, o combustível do principal concorrente, na frente até então, acabasse nos últimos minutos de um GP.
Bem que Nigel Mansell tentou, em 1984, empurrar a sua Lotus até a linha de chegada, mas acabou desmaiando, numa daquelas cenas memoráveis do esporte. Em 1959, Jack Brabham, no entanto, teve o mesmo tipo de problema e, na base da força, ainda cruzou em quarto lugar.
Bom mesmo era quando caía um pé d'água. Carros rodavam na pista ensaboada e favoritos iam se encontrar com o guard rail, sem qualquer controle. O que nos faz lembrar de Rubens Barrichello na prova da Alemanha, em Hockenheim, em 2000.
O brasileiro, que havia largado em último lugar, aproveitou o chão molhado para chegar ao lugar mais alto do pódio pela primeira vez. Na época, Barrichello era apenas o fiel escudeiro do alemão voador Michael Schumacher, um coadjuvante de luxo.
A partir deste atual papel de coadjuvante no Campeonato Brasileiro, o Galo não precisa necessariamente de chuva (ela veio e não ajudou em nada contra o Inter). Mas um tiquinho de água, como aquela pedida por Ronaldinho Gaúcho em 2013, não seria má ideia.