O Atlético está sentindo falta da esquerda. O setor nunca foi tão atingido como agora, com vários jogadores assumidamente “esquerdistas” fora de combate, como Erazo, Dátolo e Douglas Santos. Mansur, o lateral da posição e que seria o reserva imediato de Douglas, parece reviver os tempos da ditadura, agindo clandestinamente, sem ninguém notar a sua presença no time mineiro.
Outros jogadores que sabem atuar pelos dois lados, como Robinho, Júnior César e Patric, estão para receber a qualquer momento o impeachment da torcida. O primeiro ainda está longe de igualar a popularidade conquistada por Ronaldinho Gaúcho, um líder nato, carismático e consciente de seu papel em campo. Sabia como poucos delegar poderes, oferecendo incríveis assistências aos homens de frente.
O problema de Júnior César é que não sabemos direito qual é a plataforma dele. Começou como um volante-atacante, marcando mais gols que os jogadores de área. Virou armador e, de volta à posição de origem, não tem mostrado a mesma eficiência para barrar as investidas inimigas. Patric, pobre coitado, foi corrompido, principalmente por Diego Aguirre, que viu nele a solução para todos os males do Galo.
Hoje Patric não tem certeza se é de direita ou de esquerda. Confusão que é o retrato do time nos últimos jogos. Marcos Rocha, que tem lutado para não levar bola nas costas da direita, foi para a esquerda alucinadamente na partida contra o Fluminense, tentando consertar o vazio deixado pelos companheiros, mas o máximo que conseguiu foi desviar a bola e atrapalhar a defesa de Victor.
Já Tiago dá impressão de jogar para os dois lados. Numa hora, sobe mais alto e marca um belo gol de cabeça. Em outra, sobe e não acha nada, deixando a bola no pé do adversário. Para a Massa, o beque entrou na “ficha-suja” desde a expulsão diante do América, na final do Campeonato Mineiro. Por conta da falta de zagueiros, acabou fincando raízes. Às vezes, literalmente, plantado que está firmemente ao chão.
Mesmo que ele ainda não consiga suprir totalmente a ausência de Jemerson, hoje no Monaco, a torcida não vê a hora de a esquerda elegante de Erazo retornar. Com um presidente de vocação gauche (Rafael Correa), promotor, dizem, de amplas reformas sociais no país, o Equador vem sendo um importante celeiro de jogadores do setor. Desde a saída de Tardelli, Cazares é quem melhor tem tirado proveito daquela faixa do campo.
Com a direita pouco colaborando, ainda ressentida por não poder contar com a dobradinha Luan-Marcos Rocha, de onde saíam as principais jogadas de ataque, os atleticanos mal podem esperar pelo término da Copa América, torcendo para Equador e Brasil deixarem a competição ainda na primeira fase. Nada de sacrifícios pela Pátria nesse momento. Sacrifícios, por sinal, fizeram o DM inchar em 2016, recebendo praticamente um time inteiro.
O Atlético sofre com os desfalques constantes, e não estamos falando de dinheiro. O clube desembolsou muito para fazer as contratações que precisava, mas até agora elas não passaram de uma promessa de campanha, especialmente entre os atacantes. E se realmente trouxerem o ex-jogador do Corinthians, atualmente no Chelsea, quero ver quem vai pagar mais esse pato.