EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

A infodemia, a educação e a Covid-19

05/08/2020 às 21:38.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:12

Marcelo Batista (*)
mbatista@hojeemdia.com.br

Com a pandemia do coronavírus, um novo termo começou também a ser discutido: a infodemia. A palavra, citada pela OMS, consiste na superabundância de informações a respeito de um assunto, no caso, a Covid-19, algo que tem sido realidade para grande parte da população mundial. Diferentemente da época da pandemia da gripe espanhola, ocorrida em 1918, quando a grande dificuldade era saber o básico sobre a doença, hoje somos inundados diariamente pelas  notícias sobre o assunto. Número diário de mortes, média móvel, possibilidade de vacina, tratamentos e até fake news dos mais diversos tipos ocupam a maior parte dos veículos de comunicação. 

Nesse contexto totalmente novo, grande parte das pessoas não sabem dosar da forma adequada a exposição a esse tipo de conteúdo e podem se ver influenciadas por notícias sem embasamento ou mentirosas. Essa situação é um grande desafio, visto que pode fazer indivíduos cometerem atitudes inusitadas em busca da solução definitiva contra o coronavírus. Nesta semana, por exemplo, o prefeito de Itajaí - SC, Volnei Morastoni (MDB), chegou a sugerir a aplicação de ozônio no ânus para o tratamento da população. Muitos devem lembrar também  que há alguns meses o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu algo também muito bizarro: a injeção de desinfetante como forma de combater a doença. Como resultado desse tipo de situação, quem não sabe diferenciar o que é ou não uma informação com credibilidade acaba  tomando atitudes preocupantes e se torna vítima dessas irresponsabilidades midiáticas.

Mas o problema não para por aí. Mesmo se expostos somente a conteúdos confiáveis, o que sabemos que é tecnicamente impossível, quando recebemos informações excessivas (e negativas) sobre um determinado assunto é comum que a população sofra com a falta de perspectiva sobre o futuro, com problemas como a ansiedade e o aprofundamento de quadros como a depressão. Vale lembrar que essa situação é  extremamente preocupante, principalmente em países como o Brasil, que tem uma péssima estrutura para o atendimento psicológico. Durante a pandemia, que inviabiliza o atendimento presencial, o quadro é ainda mais delicado, pois ainda não há estratégias efetivas para oferecer atendimento on-line gratuito à população.

Por esses motivos, é fundamental que as instituições de ensino discutam com os alunos a respeito da educação midiática, algo tão relevante no século XXI. É necessário que os indivíduos sejam devidamente formados para essa realidade infodêmica da contemporaneidade. As crianças e jovens devem saber lidar com as fake news, reconhecê-las e também precisam contestar as informações sem credibilidade e embasamento científico. É necessário oferecer aos alunos o filtro crítico para lidar com o excesso de informações. Com esse tipo de conhecimento é possível prevenir comportamentos perigosos e até mesmo problemas graves relacionados à falta de saúde mental.​

(*) Marcelo Batista é educador há mais de 15 anos e fundador do canal Aprendi com o Papai, no Youtube.

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