EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

Alegrias e tristezas

Publicado em 23/02/2023 às 07:17.

Léo Miranda*

O carnaval de 2023 tem sem sombra um significado diferente de anos anteriores. Até porque nos dois últimos anos não foi possível vivenciá-lo como gostaríamos, celebrando a alegria e a convivência social em virtude da pandemia de Covid-19. Mesmo que muitas pessoas não gostem da festa em si, é inegável o caráter pedagógico e democrático que ela tem, já que permite que a diversidade seja exaltada e ao mesmo tempo possibilita que toda e qualquer pessoa possa experimentá-la à sua maneira.

Coincidência ou não, o cenário pós pandemia também reservou à educação o desafio de retomar o respeito à diversidade e ao pensamento divergente diante do cenário de isolamento social. Após um longo período de aulas online, ou mesmo de ausência delas, a reconstrução do convívio social e do respeito ao diferente tornou-se uma das principais tarefas escolares, frente à expansão das fobias sociais.

Nesse ponto o carnaval de Belo Horizonte deu um exemplo de como essas questões podem ser tratadas de forma lúdica e mais leve. Os blocos de ruas contemplaram todos os gostos e estilos, indo do universo nerd com o bloco “Unidos da Estrela da Morte”, que faz alusão à saga Star Wars, ao “Turo, Turo”, que resgatou os sucessos da dupla Sandy e Junior na versão carnavalesca.

Ao mesmo tempo, outros blocos, como o “Abalô-Caxi”, trouxeram a representatividade LGBTQIA+ como temática principal dos festejos, e o “Pena de Pavão de Krishna”, a cultura e religiosidade indiana.

Motivados por esse espírito de festa, eu e minha esposa começamos o nosso carnaval no bloco “Então Brilha”, um dos blocos de rua mais emblemáticos de BH, além de inusitado, já que tem sua concentração às 5h da manhã já no sábado de carnaval. A sensação que emanava entre os foliões era de euforia, mas também de respeito e alívio, um reconhecimento simbólico de todas as restrições e momentos difíceis que passamos nos últimos anos.

Essa sensação se estendeu por todos os blocos os quais cruzamos ao longo desses dias de carnaval, o que trouxe o sentimento de retomada da normalidade.

Apesar da alegria em celebrar o carnaval novamente, fomos atravessados logo no domingo mais uma vez pela tristeza de mais uma tragédia. As chuvas sem precedentes no litoral norte de São Paulo trouxeram à tona um filme que assistimos todos os anos, perdas de vidas e materiais resultado da combinação de anos de ocupação de áreas de risco geológico com o agravamento das mudanças climáticas. Para se ter uma ideia da dimensão das chuvas, em um único dia foram registrados 627mm de chuvas, o que equivale a 627 litros de água despejados em 1 metro quadrado, algo sem precedentes na história recente brasileira.

Alegria e tristeza, sentimentos e afetos tão distintos novamente cruzam o nosso caminho. Resta-nos resgatar a resiliência desenvolvida ao longo de dois anos de pandemia e a esperança que o carnaval desse ano nos trouxe de volta, para que possamos construir dias melhores, a começar pela educação.

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