EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

As velhas quase novas palavras no vocabulário brasileiro

Publicado em 20/10/2021 às 19:59.Atualizado em 05/12/2021 às 06:05.

Léo Miranda

Nos últimos meses palavras antes esquecidas ou até mesmo desconhecidas têm sido incorporadas no vocabulário do brasileiro. Diante dos preços nas alturas, da gasolina a quase R$ 7 o litro, ou mesmo da couve-flor a R$ 12 a unidade, passamos acompanhar de perto a inflação, o aumento persistente dos preços com consequente redução do poder de compra da população.

Esse cenário tem relação direta com a combinação de fatores internos e externos ao Brasil. Do lado de dentro das nossas fronteiras, está relacionado principalmente ao aumento vertiginoso do dólar, moeda utilizada para importar desde a farinha usada para fazer o nosso pão francês de cada dia, até insumos para a indústria, que precisa trazer do exterior parte de suas matérias primas. Do lado de fora de nossas fronteiras é reflexo direto da retomada rápida do consumo em países como a China, Estados Unidos, além daqueles que compõem a União Europeia. Nesses países, o respeito precoce às medidas sanitárias de isolamento social fez com que saíssem mais cedo do cenário mais crítico da pandemia, o que permitiu a retomada da vida social e consumo de mercadorias em maior volume mais rapidamente, já que agora comércio, serviços e outras atividades já se encontram praticamente liberados.

Com o consumo em alta no mundo, o preço das mercadorias disparou, inclusive de matérias- primas. Como o Brasil é um grande produtor delas, o dólar valorizado fez com que os produtores de carne, por exemplo, dessem preferência à exportação do que ao consumo interno. A combinação do cenário interno e externo produziu uma elevação de preços que afeta principalmente os mais pobres, já que esses é que têm o maior impacto em sua renda quando o feijão, o arroz, a energia, entre outros se encarecem. Soma-se a essa conjuntura os 14,4 milhões de desempregados segundo o IBGE, o que amplia ainda mais o cenário cruel. O mais preocupante é a possibilidade de 2022 vir acompanhado da estagflação, palavra ainda pouco conhecida do brasileiro, definida pela associação do declínio do nível de produção e emprego aliado a uma inflação elevada, segundo o "Novíssimo Dicionário de Economia" (Sandroni,1999). Ou seja, os preços se mantêm estagnados em patamares elevados.

Todos esses termos, como também as estratégias aprendidas em períodos semelhantes no passado, passarão a compor os currículos escolares por meio da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), um conjunto de novas diretrizes educacionais que buscam não só atualizar o que é ensinado nas escolas, mas também aproximar esse conhecimento das distintas realidades do país. Resta saber se esse conhecimento será suficiente para prover ferramentas para lidar com as adversidades econômicas cíclicas no nosso país, pois de fato não resolverá a desigualdade social estrutural que foi ampliada drasticamente com a pandemia. Enquanto isso, vamos vivendo com a incerteza de um barco sem rumo, mas com a certeza de que a conta chegou.

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