EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

Credo, que delícia!

Publicado em 26/05/2021 às 18:38.Atualizado em 05/12/2021 às 05:01.

Marcelo Batista

Definitivamente, não é fácil dar aula de redação. Todo domingo é dia de preparar o que será dado na semana e, além de trabalhar com a teoria textual, precisamos também estudar para as discussões sobre os diversos temas de atualidades. Nesta semana, foi a vez de montar uma proposta sobre as ISTs entre os jovens no Brasil. Até aí nada de novo, já que o tema foi tratado diversas vezes em sala de aula, mas durante a pandemia e o isolamento social será que a discussão deveria ser diferente? Muitas pessoas estão respeitando fortemente o afastamento imposto pela Covid-19, mas é fato que muitos jovens têm furado o isolamento para um encontro secreto com o crush  ou a crush.

Infelizmente (ou felizmente), na maior parte da aula a discussão continuou a mesma, com os mesmos repertórios e as mesmas críticas à falta de educação sexual e aos responsáveis que muitas vezes se recusam a falar sobre o tema. Mesmo assim, foi interessante refletir sobre a ausência de campanhas direcionadas ao sexo seguro durante a pandemia e sobre a quase ausência de campanhas, por exemplo, de distribuição de preservativos, afinal, a maioria está (ou não) em casa. Não precisa, certo?

Devemos perceber que as campanhas continuam relevantes ou o caminho  é pregar o discurso celibatário de Damares Alves, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos? Para quem não se lembra, no carnaval de 2020 ela defendeu a abstinência sexual para evitar a gravidez indesejada e as ISTs. Genial, não? Quem defende esse tipo de campanha definitivamente não conhece o jovem.

Podem me achar exagerado, excessivamente libertário ou o que você quiser, mas você acha que os jovens, diante de todos os hormônios e desejos sexuais, vão ficar todos sossegados em casa enquanto a pandemia não passa? Seria "ótimo" se fosse assim, mas a verdade é que muitos têm buscado agitar a vida sexual de alguma maneira.

Uma das práticas mais comuns nesse contexto é o sexting - palavra que é um anglicismo que une as palavras sex e texting, que seria, no sentido literal, o sexo por mensagens de texto, mas que na prática pode ir muito além disso. Entre os jovens, o sexting pode significar o envio de mensagens de cunho sexual, fotos ou vídeos com o intuito de gerar a excitação do interlocutor, o que, na teoria, pode parecer algo extremamente seguro no contexto de pandemia.

Mas até que ponto os jovens teriam a noção do que pode ser de fato arriscado nesse tipo de relacionamento e qual pode ser o perigo da exposição excessiva nos meios digitais? Não é de hoje que se discute sobre vazamentos de fotos e vídeos íntimos na internet e sabemos que essa situação é cada vez mais comum. Para os jovens, trancados em casa, esse tipo de exposição pode ser ainda maior, assim como as consequências.

Mas já sei, a solução é fazer como a própria Damares: fingir que nada está acontecendo ou que o silêncio sobre o assunto é a melhor solução. Ou então censurar a discussão sobre o assunto nas escolas. Vai que a vontade passa…

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