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EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

Dia dos professores: o que temos para comemorar?

Publicado em 07/10/2020 às 21:23.Atualizado em 27/10/2021 às 04:44.

Leo Miranda (*)

Mais um dia dos professores se aproxima, o dia 15 de outubro, marco temporal simbólico, distante de uma comemoração efetiva, mas fundamental para nos lembrar do significado real de ser professor no Brasil. Fico me lembrando de uma antiga propaganda do Ministério da Educação de alguns anos atrás, que enaltecia a figura do professor em outros países, como o maestro (nos países de língua espanhola), teacher (nos anglofônicos), insegnante (em italiano). A julgar pela frequência com que essa propaganda era exibida nos canais da televisão aberta, entendia-se a profissão como a mais enaltecida no país. 

No grego, a palavra hipocrisia provém de hupókrisis que literalmente significa encenação, termo que possivelmente se enquadraria muito bem no sentimento compartilhado pelos milhões de professores brasileiros que passam longe do cenário romantizado do comercial, que apesar de bonito, não reflete nem de perto o descaso  histórico com todos aqueles que se dedicam a ensinar algo a alguém. Talvez em um passado distante os professores gozaram de prestígio social, mas nada além. No contexto atual, em que a vida social reverbera as redes, a polarização e o negacionismo, ser professor no Brasil tornou-se tarefa ainda mais árdua. Soma-se a este fato as jornadas extenuantes, em condições muitas vezes precárias de trabalho. 

Estamos expostos, ao descaso estatal e social, ao medo, ao desrespeito, ao trabalho excessivo que tem levado a nossa saúde mental, física e emocional. Talvez estejamos esquecendo que professores também são pessoas, com necessidades, anseios, medos e principalmente sonhos. Vários tem sofrido com a síndrome de Burnout, um mal-estar crônico associado à despersonalização da figura do professor, o que resulta em sofrimento profissional diante de dilemas como os excessos de cobrança, o desrespeito institucional e muitas vezes agressividade de seus interlocutores, no caso, os alunos.

Por outro lado, ser professor no Brasil é também uma chance de contribuir efetivamente para mudanças estruturais que transformem a realidade de desigualdades educacionais e de oportunidades que há tanto tempo vigora no país, mesmo que diante das circunstâncias cada vez mais desafiadoras. É também uma escolha profissional ousada que nos coloca diante da aprendizagem quase diária, não só de conhecimentos formais, mas também de empatia, de buscar entender as demandas individuais e coletivas. Lecionar envolve sentimento, humildade, amor e principalmente sensibilidade para com o outro por meio do diálogo e da escuta. 

O grande prêmio para um professor é sem dúvidas aquele momento de atenção genuína dos que lhe escutam, que o fazem não só pelo ato de ouvir, mas principalmente pela identificação com aquele que vos fala. É aquele instante em que o professor se personaliza perante o seu público, em que sua voz ecoa no ser, ou como diria o professor de filosofia Clóvis de Barros, o instante que gostaríamos que não acabasse, repleto de sentido, sentimento e felicidade. 

(*) É professor de Geografia, graduado e mestre pela UFMG. Também é fundador do canal educacional Mundo Geográfico

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