Marcelo Batista*
16 de janeiro, 13 horas. Foi o primeiro dia do Marcelinho, meu filho, na colônia de férias, uma forma de adaptação para a escolinha que começa em fevereiro. O tema do primeiro dia de aula era estrela do rock. Ele foi caprichado na produção, com All Star e camisa do Metallica. Era o primeiro dia. Várias preocupações se passam nesse momento. O receio pela adaptação, a preocupação com o entrosamento com os colegas e até mesmo a seriedade da instituição de ensino.
Paramos na porta da escolinha e tocamos o interfone. Por segurança, a escola mantém os portões fechados e abre separadamente para cada aluno que chega. Fomos recebidos por uma simpática funcionária, que era, ao mesmo tempo, a responsável por cuidar da recepção e abrir a portaria para um por um. Estava sobrecarregada, mas conseguia fazer o trabalho com precisão. Ela usava máscara, assim como todos os demais funcionários da escola. Ponto para a instituição.
Pouco tempo depois a professora foi chamada. Pegou meu filho no colo e mostrou para ele os peixinhos da escola, depois andou um pouco mais para mostrar a sala onde estavam os coleguinhas e não voltou mais. Ele não chorou, não estranhou, foi com segurança. Era um dos principais passos no crescimento do meu filho. Agora estava na escola: passaria a ter as próprias experiências, a conviver com pessoas que não conheço e a ter a própria vida, pelo menos em uma parte do dia. Meu menino está crescendo. Tivemos notícias depois de que o comportamento dele foi ótimo. Não chorou, interagiu bem com os colegas, fez todas as atividades propostas.
No segundo dia o tema era festa na piscina. Ele foi para a escola com roupa de banho e super feliz. Entrou também numa boa e na volta estava bem contente com as experiências do dia. Teve também o comportamento elogiado e começou a entrosar ainda mais com os coleguinhas. Meu menino está crescendo.
Hoje será o terceiro dia de aula. Pela terceira vez consecutiva vou entregar o meu filho nas mãos de pessoas que ainda não conheço, confiando apenas na instituição de ensino, na qualificação dos profissionais e em todas as indicações que recebemos. Mais uma vez vou deixá-lo com pessoas extremamente pacientes, que estão dispostas a cuidar simultaneamente de várias crianças, sem deixar de atender nenhuma delas.
O ensino infantil é fundamental porque é a primeira forma de socialização das crianças além do ambiente familiar, mas recebe muitas vezes grande desmerecimento e até preconceito por parte de outros profissionais da educação. Há uma tendência preconceituosa de colocar o trabalho de séries iniciais como um trabalho mais simples, que exige menos preparo ou menos importante na educação como um todo. Muito pelo contrário: quando deixamos os nossos filhos nas mãos desses profissionais fica ainda mais clara a importância dessas pessoas. Deixo hoje meu agradecimento aos profissionais do ensino infantil, pois eles são os responsáveis por essa inclusão e socialização dos nossos meninos.