EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

O dia seguinte

Publicado em 03/11/2022 às 15:20.

Léo Miranda*

No último domingo, 30 de outubro, encerrou-se um mais um capítulo da história democrática brasileira, retomada há 34 anos com a promulgação da Constituição Federal de 1988. Foram meses intensos e desgastantes, em especial pela extrema polarização a qual o país foi submetido, sem contar as intercorrências de um pleito bastante atípico em relação a todos os outros que vivemos até então, principalmente pela disseminação de notícias falsas e casos graves de violência política.

O final das eleições brasileiras de 2022 acena agora para o futuro e tem na educação uma das áreas centrais para a recuperação dos próprios valores democráticos, erodidos pelos discursos de ódio e de revisionismo histórico. Essa mesma educação que se encontra em frangalhos, sucateada, assaltada e desprestigiada, mesmo que a Constituição de 1988 consagre que é um dever do Estado provê-la (art.205) em condições de igualdade para todos os brasileiros (art.206).

A expectativa é grande, afinal nos últimos quatro anos passamos por uma pandemia que ampliou o abismo educacional histórico no país, além do abandono escolar por motivos econômicos, jovens que deixaram de estudar para ingressar no mercado de trabalho e complementar a renda familiar, ou mesmo sustentar a família. Sem contar a descapitalização de universidades e fundações de financiamento à pesquisa, o corte de gastos a ponto de comprometer o pagamento de contas básicas com energia e água dos centros de estudo, ou mesmo a manutenção de hospitais universitários, museus e centros de cultura. Soma-se a tudo isso o apagão docente que desenha no horizonte, já que os cursos de licenciatura que formam professores estão cada vez mais vazios, o que não é só resultado da má remuneração, mas também da construção narrativa que coloca o professor como o vilão do seu próprio fazer, ou mesmo um artífice de uma visão de mundo ideologizada.

Muitos são os desafios educacionais que temos pela frente e apenas quatro anos não serão o suficiente para resolvê-los. Talvez o maior deles seja o de transformar políticas de governo em políticas de Estado, para que independentemente do governante da situação a educação seja tratada de fato como prioridade e não como algo acessório. Recuperá-la será fundamental para que possamos formar cidadãos capazes de propor o contraditório sem agredir o outro, sem valer-se de argumentos baseados em mentiras, ou interpretações de fatos históricos com base na paixão e não na razão.

O dia seguinte chegou, mas a necessidade de apaziguar os espíritos ainda permanece, mesmo porque ainda temos um país dividido. E não há meio mais apropriado para isso que avançar nos investimentos em educação, que podem resgatar a esperança de um país menos segregado pelo ódio e principalmente menos desigual.

Sigamos em frente com a esperança de que dias melhores virão, dias em que celebraremos conquistas e construiremos pontes e não mais muros, que separaram famílias e o país por tanto tempo.

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