EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

O que a Copa do Mundo no Catar nos ensina

Publicado em 01/12/2022 às 06:00.

O ano turbulento de 2022 caminha para o seu desfecho com o seu ato final: a Copa do Mundo de futebol no Catar. O país do Oriente Médio, desconhecido da ampla maioria dos brasileiros, entrou na pauta dos principais noticiários no mundo e no Brasil pelas diferenças culturais e políticas, mas também pelas polêmicas envolvendo um país governado por uma família de forma autoritária desde sua independência em 1971.

Como era de se esperar, rapidamente as redes sociais também passaram a estampar milhares de postagens e memes sobre o país árabe, muitos inclusive de forma não muito respeitosa à cultura local. Curiosamente, muitas dessas postagens traziam a associação equivocada do local de realização da Copa com outro vizinho e mais conhecido dos ocidentais, os Emirados Árabes Unidos, onde fica a famosa cidade de Dubai, muito mais ocidentalizada que a capital catari, Doha.

Apesar de também ser um Emirado (daí o nome do cargo do governante, o Emir), o Catar tem uma trajetória história bastante descolada do que se tornou o vizinho. Ambos possuem grandes reservas de combustíveis fósseis, o que atrai milhares de dólares para a região através das exportações de petróleo (Emirados Árabes Unidos) e gás natural (Catar), mas são bem diferentes no quesito tratamento das liberdades individuais, com o lado mais restritivo pendendo para os cataris.

Para um ocidental como nós, olhar para cultura de um país islâmico fortemente fundamentalista gera grande estranhamento, mas não deveria nos colocar em posição de julgar aspectos culturais inerentes à própria história local. Todavia, é inegável a importância do caráter de denúncia dessa Copa. Ela permitiu que abusos de direitos humanos, como a prisão de pessoas LGBTQIA+ e a exploração do trabalho em condições análogas à escravidão fossem amplamente divulgados e comprometessem a tentativa do governo local de promover o “sport washing”, ou “lavagem esportiva”, termo cunhado para descrever ações de autopromoção de governos comprovadamente autoritários.

Da mesma forma que os anfitriões da Copa atraíram a atenção mundial, os grupos e jogos também o fizeram. Rivalidades geopolíticas históricas e questões sociais globais vieram à tona por meio da multiplicação de manifestações: jogadores ajoelhados em protesto contra o racismo, a polêmica das braçadeiras de capitão com as cores do arco-íris, a saudação islâmica a Alá na comemoração dos gols da seleção marroquina no jogo contra a seleção da Bélgica, entre várias outras. Além disso, essa também é a Copa da globalização, em que os elencos das seleções estão recheados de imigrantes ou mesmo refugiados, que tem se destacado, como o atacante da seleção do Canadá, Alphonso Davies, de pais liberianos e origem ganesa.

Todos esses aspectos nos ensinam que Copas do Mundo de futebol são muito mais do que somente futebol, trazem sempre uma carga grande de conhecimento histórico e geográfico imprescindíveis à leitura do mundo.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por