Logotipo Rádio HED

Redação: (31) 3253-2226

Comercial: (31) 3253-2210

Redação: (31) 3253-2226 - Comercial: (31) 3253-2210

EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

O que há de novo sobre educação no IDH brasileiro?

Publicado em 16/12/2020 às 16:05.Atualizado em 27/10/2021 às 05:19.

Léo Miranda*

Na última terça-feira, dia 15 de dezembro de 2020 o Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (Pnud) divulgou um novo ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), indicador síntese da realidade social de um país. No cálculo do IDH são considerados três critérios de referência: longevidade ou expectativa de vida; renda nacional bruta per capita, a média da renda anual por habitante; e a educação, que mede o número médio de anos de estudo e a expectativa média de anos de estudo de um país. Em termos numéricos, o IDH varia de 0 a 1, países próximos de 1 apresentam os melhores níveis dos três indicadores, por outro lado aqueles próximos de 0 as piores condições da média dos três indicadores. 

De acordo com os dados divulgados pelo Pnud, o IDH brasileiro passou por um leve aumento entre 2018 e 2019, passando de 0,762 (2018) para 0,765 (2019). Contudo, esse aumento em termos dos valores absolutos não significou uma melhora da posição do país no ranking, mas sim uma queda da posição 79º para a 84º. A queda de cinco posições em termos relativos tem relação direta com o aumento do índice de outros países do ranking, mas também está relacionada principalmente com uma evolução muito tímida das condições gerais de vida no país no período analisado. 

No tocante a educação o tamanho do abismo ainda assusta. Em média os brasileiros permanecem em algum nível escolar até 8 anos, o que termos práticos não resulta nem na conclusão do ensino fundamental (já que esse demanda 9 anos de estudo). A título de comparação, a nossa vizinha Argentina que está na posição 46º do ranking, e apresenta média de escolaridade próxima a 10,6 anos. 

Mas afinal, quais os desdobramentos de uma realidade educacional tão ruim? Com menos anos de escolaridade a desigualdade social no Brasil é perpetuada em um círculo vicioso, em que essas duas variáveis se retroalimentam. É preciso lembrar que com menos anos de estudo o nível de renda da população também se mantem em patamares exíguos, o que por sua vez resulta em menor poder aquisitivo e menor capacidade de agregar valor as mercadorias produzidas no país.  Em resumo, a estagnação em termos de investimentos na educação brasileira repercute também em termos econômicos, pois faz com que o país não consiga ser efetivamente um protagonista em termos tecnológicos, científicos, e que principalmente falhe em reverter a desigualdade estrutural. 

No final das contas, os dados do IDH não trazem nenhuma novidade, mas apontam para a falta de políticas de Estado e não de governo. Ao que tudo indica, aqueles que efetivamente poderiam fazer algo para mudar esse cenário continuam a debater seus projetos de poder e corporativistas. É nítido o desinteresse do parlamento e do poder executivo brasileiro, que negligenciam não só os mais de 180 mil mortos por Covid-19, mas também todos aqueles jovens destituídos das oportunidades que a educação poderia lhes conferir.  

(*) É professor de Geografia, graduado e mestre pela UFMG. Também é fundador do canal educacional Mundo Geográfico

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por