EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

Se pudesse, eu chorava também

Publicado em 02/02/2023 às 06:00.

Marcelo Batista*

Neste ano a volta às aulas tem sido um pouco diferente: teve o Marcelinho chorando na porta de casa na hora que saí para dar aula. Com seus quase dois anos ele já consegue perceber quando vamos sair e quando saímos os dois juntos: eu e minha esposa, que também é professora - o choro aumenta. Mas não tem jeito, o ano letivo começou e não tem como negar. Se pudesse, eu chorava também.

Esse é só mais um motivo de sentir um aperto no coração nessa volta às aulas. Hoje, pela primeira vez, será o primeiro dia de aula dele, de verdade. Antes ele estava somente na colônia de férias. Agora vai ser pra valer, com uniforme e tudo.Será que ele já está preparado pra tudo isso? Certamente a partir de hoje ele vai aprender mais sobre a convivência social, vai fazer amigos e inimigos entre os seus, vai ser observado e avaliado, vai se desenvolver mais…e ele vai deixando mais um pouquinho de ser só nosso para ser do mundo. Um processo inevitável.

Quando eu era pequeno, antes do primeiro dia de aula eu passava a noite em claro. Era um misto de emoções: em qual turma iria ficar? Será que encontraria novatos legais? Como seriam os professores? Era como se o primeiro dia de aula mostrasse, de uma vez, como seria o novo ano para nós, de uma vez.

Em meio a tanta expectativa eu não conseguia dormir. Qual era o sentimento que meus pais sentiam nesse época? Será que ficavam ansiosos como nós, todos os anos? Se sim, nunca me disseram. Talvez por não serem professores eles não ficavam tão tensos por nós.

Durante a adolescência eu também sofria com os primeiros dias de aula, mas aos poucos fui relaxando. Agora, adulto e mais cansado, não consigo passar a noite em claro por causa disso, mas permaneço ansioso, nada que um comprimido não resolva. No dia seguinte é vida que segue.

Hoje, do outro lado do tablado, sou o que repete o mesmo conteúdo todo ano, mas com alunos e alguns colegas novos. Claro que ainda dá muito frio na barriga, mas não como antes. Ainda há a necessidade de aceitação do próximo, o desejo de ser querido e respeitado neste novo ciclo. Tenho certeza que assim como acontece comigo, esse é um momento novo para vários colegas. É mais um ciclo que se abre a partir de hoje para a educação e para várias famílias. Feliz ciclo novo!

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