EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

Três anos

Publicado em 16/03/2023 às 06:00.

Marcelo Batista*

Um pouco mais de um mês de volta ao ano letivo. Aos poucos vou conhecendo mais e melhor as novas turmas no ano. No total, são 24 turmas, cada uma com o seu perfil e as suas peculiaridades. O ano começa a andar nos trilhos e, aos poucos, vamos tateando o terreno de 2023.

Há 3 anos, mais ou menos nessa mesma época do ano, começávamos o isolamento social. Inicialmente na expectativa de durar uma semana, depois um mês, até completarmos mais de um ano do distanciamento físico das salas de aula. Ainda sinto falta dos alunos do início de 2020, como se o ciclo não tivesse sido fechado. A ruptura presencial abrupta não foi um desejo, mas uma imposição e o contato naquele ano passou a se tornar mais frio, impessoal e distante.

Três anos depois da pandemia muita coisa mudou. Uma câmera em cada sala, cursos híbridos ou on-line multiplicados e uma realidade educacional cada vez mais interconectada. Nos alunos os mesmos medos, as mesmas velhas inseguranças, o receio de não ser aprovado, nas escola ou no vestibular. Na sala dos professores o mesmo cansaço misturado ao bom humor de alguns. Tudo sempre igual. Ou quase.

Hoje tenho uma reunião logo mais: agora é normal que elas aconteçam on-line. A presença física se torna cada vez mais importante em salas de aula, mas cada vez mais dispensável em situações acadêmicas burocráticas, o que é ótimo.

Mesmo assim é fundamental estar presente no mundo virtual. Ontem, depois de dar as minhas aulas presenciais, gravei vídeos para o meu curso on-line e para o meu canal, requisitos importantes para o professor 2.0. Essa é uma das mudanças que com a  pandemia parece que nunca mais vai voltar atrás: o professor deve ser virtual, presencial e híbrido - tudo ao mesmo tempo agora.

Mas não foi só em sala de aula que vivenciei mudanças. Nesses 3 anos a minha vida pessoal também mudou muito se comparado ao que vivia antes. O lado psicológico tem pesado mais, a rotina tem sido um pouco mais dolorosa, mas igualmente gostosa. Alguns medicamentos se multiplicaram, mas ganhei o Marcelinho e virei papai de verdade. Deu tempo até do meu menino crescer, entre uma aula e outra. Se a vida profissional tem ficado cada vez mais virtual, a vida íntima tem sido cada vez mais real, crua e visceral.

Oficialmente a pandemia não acabou, mas pude conseguir a minha vacina, assim como meus alunos, minha família e até meu filho (quem diria?). Se a realidade tem sido dura, o que não falta é esperança para que nos próximos três anos as mudanças sejam mais naturais, menos dolorosas e mais duradouras.

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