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EducaçãoLéo Miranda. Do \“Mundo Geográfico\” - YouTube Marcelo Batista. Do \“Aprendi com o Papai\” - YouTube

Um passo de cada vez

Publicado em 08/09/2022 às 06:00.

Recentemente encontrei em minha estante um livro que ganhei de uma colega professora em 2020. Apesar do estilo literário não ser o que habitualmente consumo e gosto, o de autoajuda, retomei a leitura de onde tinha parado, até para me familiarizar novamente com tema. Intitulado “Hábitos Atômicos”, do autor estadunidense James Clear, descreve ao longo das páginas uma organização de hábitos baseada na fragmentação de mudanças substanciais da rotina e cotidiano em passos pequenos, ou atômicos, como Clear os chama. A ideia central é que ao fazê-lo tornamos tarefas grandiosas possíveis de serem executadas, o que faz bastante sentido, mesmo considerando que nossas trajetórias enquanto pessoas não sejam lineares e muitas vezes atravessadas por fatos que não estão no nosso controle.

De qualquer maneira, a ideia de fracionamento da vida, no sentido de dividi-la em partes ou em momentos, me pareceu bastante propícia para as diversas questões que se colocam diante de nós todos os dias. Se o objetivo de uma pessoa sedentária é começar a correr, soa bastante promissor e sensato iniciar o processo com uma caminhada curta, pelo menos um dia na semana, que a cada nova oportunidade torne-se mais alongada e intensa, até que finalmente seja possível correr longas distâncias. Muito possivelmente essa abordagem também faça sentido diante da percepção que nossos dias têm passado cada vez mais rápido, sem que haja, contudo, eventos extraordinários ao longo deles.

Apesar da sensação de brevidade da vida e dos dias não ser novidade para ninguém, 2022 trouxe à tona todo tipo de sentimentos, anseios, angústias ligadas a ela. Nas salas de aulas, estudantes e professores compartilham cada qual a sua maneira o cansaço e a expectativa da conclusão de mais um ano. Do lado dos professores, a angústia gerada pela demanda por aulas performáticas, ativas, envolventes, capazes de “cativar” os seus interlocutores, fora questões pessoais muito além das salas de aula. Do outro lado, dos alunos, o cansaço acompanhado pela cobrança pelo desempenho escolar, diante de quadros depressivos, TDAH e outras questões potencializadas pela retomada das aulas totalmente presenciais após dois anos de pandemia. Então, parece razoável esperar que o final do ano chegue rápido, mesmo que isso não resolva nenhuma das questões presentes. Mas ainda estamos no início de setembro e temos pela frente um pouco mais de dois meses para o encerramento do ano escolar.

Para que o anseio não se transforme em angústia, talvez valha a pena considerar ideia de atomizar o cotidiano, dividi-lo em partes, momentos, reconhecendo o fato que a maioria dos dias serão ordinários e que o extraordinário reside na capacidade de enxergar e sentir o quanto efêmero é o tempo. Esperar menos e cobrar menos de nós mesmos e dos outros, para que não tenhamos que esperar apenas o final do ano para celebrar o que no momento não nos parece possível, ou viver no futuro o que gostaríamos de viver no presente.

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