Alexandre ConradoAlexandre Conrado é consultor, hoteleiro, mecânico de aviões e entusiasta da aviação

O Super 80 Brasileiro

Publicado em 02/03/2022 às 06:00.

Aqueles que voaram nos Estados Unidos na década de 80, 90 e 2000 eram acostumados à presença maciça de uma aeronave: o Super 80, maneira que a American Airlines chamava os seus MD80 (família MD81, 82, 83, 88 – usada por American, Delta, Continental, Alaska, etc). Mas no Brasil o avião teve uma passagem rápida e esquecida.

 (Divulgação)

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Era 1982, a aviação brasileira assistia a algumas mudanças de frota. Airbus A300 na Cruzeiro, Vasp e Varig, Boeing 767 na TransBrasil, foram o gatilho para a Mcdonnell Douglas pleitear a entrada do seu equipamento para voos domésticos em um país que utilizava apenas o produto intercontinental dela, o DC10-30 na Varig. Foi oferecido então à Cruzeiro do Sul, à época já uma subsidiária da Varig, um MD82, para o que se chama na aviação de route proving – a empresa utiliza uma aeronave na rede de rotas para ver se na prática vale a aquisição, e o avião veio para o Brasil recebendo a matrícula PP-CJM.

Entre dezembro de 1982 e março de 1983 o comprido avião norte-americano operou nas rotas da Cruzeiro envolvendo Rio, Brasília, Recife, Belém, Manaus, Salvador, Fortaleza, entre outras, e até destinos internacionais como Buenos Aires. Mostrou ser um avião confortável, até mais que os Boeings 727 e 737 que dominavam o mercado doméstico. Transportava 155 passageiros (três a mais que o Boeing 727-200 da Vasp, a maior aeronave doméstica na ocasião), mas pecava na baixa capacidade de bagagem e carga para os padrões nacionais. O avião, apesar do sucesso entre passageiros e tripulantes, acabou não sendo adquirido, em grande parte por uma desvalorização cambial. A intenção da Varig era adquirir seis aeronaves do tipo e alocar na Cruzeiro.

O avião retornou à América e voou muitos anos na Aeroméxico. O modelo se fez presente no Brasil nas operações de empresas argentinas, colombianas e caribenhas, mas jamais vestiu as cores de uma empresa brasileira, frustrando assim a Mcdonnell Douglas, que não emplacou seu produto doméstico no Brasil e veria apenas o uso de MD11 no futuro e de velhos DC8 para a carga aérea.

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